UTILIZAÇÃO INADEQUADA DO PROTOCOLO PARA O MANEJO DE INDIVÍDUOS COM INFECÇÃO CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE B, EM MINAS GERAIS
CRISTIANE FARIA DE OLIVEIRA SCARPONI1, MARCOS PAULO GOMES MOL1, DIRCEU BARTOLOMEU GRECO1
1. FUNED - Fundação Ezequiel Dias/Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais , 2. UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais/Faculdade de Medicina
cristiane.scarponi@funed.mg.gov.br

Estima-se que, mundialmente, 257 milhões de pessoas estão infectadas cronicamente pelo HBV (CHB), das quais 2 milhões vivem no Brasil, embora este número possa estar subestimado. Neste contexto, o Ministério da Saúde estabeleceu em 2002, o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para tratamento da Hepatite Viral Crônica B e Coinfecções regulamentando   à padronização das condutas frente a este importante problema de saúde pública no país. Estudos visando verificar a adoção prática desse protocolo são raros. Este estudo teve como objetivo investigar sua aplicação na rede SUS de Minas Gerais e analisar os pacientes com CHB pelos algoritmos preconizados na versão 2011, vigente na data de coleta dos dados. É estudo descritivo, abrangendo os dados de 2012 e 2013. Avaliaram-se 670 formulários para encaminhamento de amostras à FUNED e foram elegíveis portadores de CHB provenientes de todas as Macrorregiões de Saúde do estado. Desconhecia a existência do protocolo, 15 dos 63 médicos e dentre aqueles que já o conhecia, a maioria (75,41%) relatou segui-lo (destaque positivo para Macrorregião Noroeste). Ao relacionar a situação clínica dos portadores de CHB por algoritmo do protocolo, evidenciou-se um descumprimento geral dos requisitos definidos para conduta laboratorial e indicação terapêutica. Entre os pacientes, a idade média foi de 41,92 anos ± 13,35 e predomínio do sexo masculino (55,52%). A situação clínica mais frequente foi de indivíduos mono-infectados pelo HBV, virgens de tratamento, com HBeAg não reagente e não cirróticos (63,88%). O monitoramento da carga do HBV foi realizado em somente 11,49% dos casos e em nenhum a avaliação da enzima hepática ALT. Entre os portadores de CHB, 24,02% já experimentaram algum tipo de terapia antiviral.  Casos de coinfecções virais com HCV e HIV foram identificados em 5,22% do total de portadores de CHB. Conclui-se que de 2002 a 2012 da implantação do protocolo, os achados deste estudo indicam baixa aplicação pelos médicos envolvidos no manejo da CHB em Minas Gerais. Ressalta-se que todo aparato diagnóstico e terapêutico indicado pelo protocolo é ofertado pelo SUS sem custo para os pacientes. Portanto, fica evidenciada a necessidade de maior divulgação sobre a importância desta ferramenta para aprimoramento da conduta médica, de forma a contribuir para o controle em tempo oportuno da CHB. Assim, aumentar a adesão dos profissionais de saúde a este protocolo constitui um desafio atual para instituições e gestores de saúde.



Palavras-chaves:  HBV, hepatite B crônica, Protocolo clínico, SUS