40 ANOS DE PREVALÊNCIA DA HEPATITE DELTA NA AMÉRICA DO SUL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA E META-ANÁLISE
CRISTIANE SCARPONI1, RAQUEL SILVA1, JOB FILHO1, MARIA REGINA GUERRA1, MARCO ANTÔNIO PEDROSA1, MARCOS PAULO MOL1
1. FUNED - Fundação Ezequiel Dias/Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais
cristiane.scarponi@funed.mg.gov.br

Ao longo de 40 anos, o vírus da hepatite Delta (VHD) tem sido associado a infecções agudas ou crônicas e hepatites fulminantes na América Latina; entretanto, não há um estudo sobre a prevalência combinada do VHD que abrangesse os países Sul-Americanos. Esta meta-análise teve como objetivo estimar a prevalência de anticorpos contra o VHD, a partir de uma revisão sistemática dos artigos publicados até 31 de dezembro de 2017 em cinco bases eletrônicas: Biblioteca Virtual de Saúde, Capes, Lilacs, Pubmed e Scielo; de acordo com critérios definidos para a seleção dos participantes. A qualidade dos estudos foi avaliada de acordo com as diretrizes “GRADE”. A estimativa da prevalência de anti-VHD de cada estudo e intervalo de confiança (IC) foram calculados a partir de dados primários pelo método de Wilson e a prevalência combinada usando o modelo de efeitos randômicos de DerSimonian-Laird. Um total de 405 artigos abordando este tema foi identificado nos referidos bancos de dados, mas apenas 31 deles preencheram os critérios de elegibilidade para inclusão na meta-análise. Para a região da América do Sul, estimou-se uma prevalência combinada de anti-VHD entre os portadores de hepatite B de 22,37% (IC 95%: 13,72 - 32,26%); embora, esta infecção pareça ser menos frequente em alguns países e/ou populações, conforme o método utilizado para o rastreamento do VHD e data de coleta dos dados. Os achados indicam reduções sucessivas significativas na prevalência de infecção pelo VHD nas últimas décadas (40,29%; 28,01%; 13,58% e 6,97%, respectivamente), apesar da alta heterogeneidade em relação às características e desfechos dos diferentes países que compõem esta região. Em adição, constou-se uma escassez de estudos epidemiológicos sobre o VHD fora da área hidrográfica constituída pela Bacia Amazônica, mais notadamente na porção sudoeste do Continente Americano e a ausência de uma definição para população alvo, algumas das limitações deste estudo. Pode-se concluir que a prevalência combinada do anti-VHD para a região da América do Sul é relativamente alta, se comparada a outras regiões do mundo. Além disso, há evidência comprovada de um drástico declínio de infecção pelo VHD após os anos 90, provavelmente como consequência da implantação de programas de vacinação contra o VHB. Pesquisas futuras devem almejar a identificação de fatores de risco e avaliar o controle das medidas de combate à infecção pelo VHD.



Palavras-chaves:  América do Sul, anti-VHD, hepatite Delta, prevalência