DIVERSIDADE DE MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DECORRENTES DA INFECÇÃO POR BARTONELLA HENSELAE DIAGNOSTICADAS POR UM LABORATÓRIO CENTRAL DE SAÚDE PÚBLICA
ANA ÍRIS DURÉ1, CRISTIANE SCARPONI1
1. FUNED - Fundação Ezequiel Dias/Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais
ana.dure@funed.mg.gov.br

Bartonella henselae é uma bactéria adquirida através de arranhadura de gato, capaz de provocar doença humana com diversas manifestações clínicas, conforme o estado imunológico do indivíduo. Diante deste contexto, objetivou-se relacionar o diagnóstico laboratorial para esta  infecção às condições clínicas do paciente e ao contato com animais. Um estudo descritivo na Funed foi realizado com amostras positivas para B. Henselae de 91 pacientes com suspeita de zoonose em Minas Gerais, no período de 2014 a 2017. Os dados clínicos foram levantados a partir de Fichas de Notificação. Os achados indicam aumento acentuado de casos diagnosticados laboratorialmente: 2 (2014), 17 (2015), 30 (2016) e 46 (2017); destes 81,3% estavam concentrados na região central do estado. Nos registros, 37 pacientes foram hospitalizados; nenhum caso evoluiu para óbito. Do total, 52,8% são homens e a idade variando de 1-79 anos, com predominância em menores de 12 anos. Dos sinais e sintomas relatados: 38,2% pacientes tiveram febre, 22,8% linfodenopatia, 19,1% cefaléia, 18,2% mialgia/prostação, 14,6% dor abdominal, 13,7% náusea/vômito, 11,8% hepatomegalia, 10,9% exantema, 4,6% hiperemia conjuntival/sinais hemorrágicos, 3,6% microabcessos em baço/fígado ou turvação visual ou diarréia, 2,7% neurorretinite ou alterações respiratórias, 1,8% hipotensão/choque ou nódulos ou uveíte, 0,9% manifestações meníngeas ou convulsão ou lesão da pele. Constatando-se uma infecção zoonótica emergente no estado, afetando principalmente crianças e caracterizada por linfadenopatia, mas pode ser acompanhada por febre ou fadiga conforme dados da literatura. As manifestações clínicas vão desde a forma assintomática, distúrbios gástricos ou oculares, até quadros mais graves em pacientes hospitalizados apresentando choque/hipotensão, neurorretinite, sinais meníngeos e/ou hemorrágicos, convulsão e ulceração dérmica. A imunofluorescência indireta com título de anticorpos igual ou superior a 10 é indicativo desta infecção bacteriana. No entanto, 9 dos pacientes apresentando títulos baixos na sorologia não relataram febre e 11, linfadenopatia, o que poderia sugerir uma reação cruzada com outras patologias .  Conclusão: A ocorrência de infecção por B. henselae é uma recente realidade entre indivíduos infanto-juvenis de Minas Gerais, sendo plausível leva-la em consideração dentre o diagnóstico diferencial de doenças febris associadas a zoonoses.



Palavras-chaves:  Bartonella henselae, bartonelose, linfadenopatia