PREVALÊNCIA DE LEISHMANIOSE VISCERAL EM PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS EM ÁREA HIPERENDÊMICA DO SERTÃO PERNAMBUCANO
BRENO DE ARAÚJO DIAS 1, ALDA MARIA JUSTO1, ANGELA BASTOS DOS SANTOS1, CRISTINE VIEIRA DO BONFIM1, ELIS DIONÍSIO DA SILVA1, LUIZ DIAS DE ANDRADE1, RHAÍSSA EVELYN MORAES RAMOS1, ZULMA MARIA MEDEIROS1, RODRIGO FELICIANO DO CARMO1
1. UNIVASF - Universidade Federal do Vale do São Francisco, 2. UPE - Universidade de Pernambuco, 3. FUNDAJ - Fundação Joaquim Nabuco, 4. CPQAM/FIOCRUZ - Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães
breno.diaas@gmail.com

A Leishmaniose Visceral (LV) é a segunda enfermidade parasitária que mais mata no mundo. Em coinfecção com HIV/AIDS, tornou-se doença crônica-ativa que teve transformadas a clínica e o padrão de ocorrência, inclusive com produção de recidivas. A prevalência da LV-HIV/AIDS varia na dependência dos testes diagnósticos, do grupo, da inserção do paciente no ambulatório ou hospital e da presença ou não de sintomas. Nosso objetivo foi estimar a prevalência de LV em pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA). Numa área hiperendêmica para LV no Nordeste do Brasil, avaliamos amostras biológicas de 542 pacientes HIV/AIDS, assintomáticos para LV, com 18 anos e mais, cadastrados e acompanhados pelo Serviço de Atendimento Especializado em IST-HIV/AIDS do município de Petrolina-PE. Consideramos caso de LV-HIV/AIDS a PVHA com pelo menos um teste positivo para LV nos seguintes métodos: ITS PCR, KAtex e sorologia (ELISA e DAT). A taxa de prevalência de LV-HIV/AIDS foi de 5,7% (31/542). Os testes em ordem decrescente de positividade foram: ELISA 51,6% (16/31), PCR 32,2% (10/31); DAT 22,6% (7/31) e KAtex 9,7% (3/31). Não houve concordância entre os testes (Kappa de -0,27). A LV aguda ocorreu em 9,7% (3/31), com um caso internado devido a gravidade. Todos apresentaram um episódio de recidiva. A LV-HIV/AIDS foi mais prevalente entre os homens 51,6% (16/31) e em heterossexuais 67,7% (21/31). Os casos tiveram mediana de idade de 34 anos, variando entre 18 a 48 anos. A mediana do início da terapia antirretroviral foi de 60 dias, variando de 0 a 1.095 dias após o diagnóstico. Já a carga viral apresentou mediana de 40 cópias (indetectável), variando de 40 a 18.834 cópias. A quantidade de linfócitos CD4 ficou entre 14 e 1.898, com mediana de 512 células. Já os linfócitos CD8 apresentaram mediana de 825, variando entre 165 e 3.822 células, numa relação CD4/CD8 de 0,62. A intervenção com a terapia antirretroviral iniciada em até 60 dias após o diagnóstico da infecção HIV/AIDS controlou a replicação viral e aumentou os linfócitos numa relação CD4/CD8 de 62% dos indivíduos hígidos. Esta configuração imunológica favorável manteve a taxa de prevalência da LV em PVHA muito próxima ao coeficiente de detecção de casos de LV na população geral brasileira, que entre 1990 a 2015, foi de 4,3 casos por 100 mil habitantes.



Palavras-chaves:  AIDS, coinfecção, HIV, leishmaniose, LV