PREVALÊNCIA DE LEISHMANIOSE VISCERAL EM PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS EM ÁREA HIPERENDÊMICA DO SERTÃO PERNAMBUCANO |
A Leishmaniose Visceral (LV) é a segunda enfermidade parasitária que mais mata no mundo. Em coinfecção com HIV/AIDS, tornou-se doença crônica-ativa que teve transformadas a clínica e o padrão de ocorrência, inclusive com produção de recidivas. A prevalência da LV-HIV/AIDS varia na dependência dos testes diagnósticos, do grupo, da inserção do paciente no ambulatório ou hospital e da presença ou não de sintomas. Nosso objetivo foi estimar a prevalência de LV em pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA). Numa área hiperendêmica para LV no Nordeste do Brasil, avaliamos amostras biológicas de 542 pacientes HIV/AIDS, assintomáticos para LV, com 18 anos e mais, cadastrados e acompanhados pelo Serviço de Atendimento Especializado em IST-HIV/AIDS do município de Petrolina-PE. Consideramos caso de LV-HIV/AIDS a PVHA com pelo menos um teste positivo para LV nos seguintes métodos: ITS PCR, KAtex e sorologia (ELISA e DAT). A taxa de prevalência de LV-HIV/AIDS foi de 5,7% (31/542). Os testes em ordem decrescente de positividade foram: ELISA 51,6% (16/31), PCR 32,2% (10/31); DAT 22,6% (7/31) e KAtex 9,7% (3/31). Não houve concordância entre os testes (Kappa de -0,27). A LV aguda ocorreu em 9,7% (3/31), com um caso internado devido a gravidade. Todos apresentaram um episódio de recidiva. A LV-HIV/AIDS foi mais prevalente entre os homens 51,6% (16/31) e em heterossexuais 67,7% (21/31). Os casos tiveram mediana de idade de 34 anos, variando entre 18 a 48 anos. A mediana do início da terapia antirretroviral foi de 60 dias, variando de 0 a 1.095 dias após o diagnóstico. Já a carga viral apresentou mediana de 40 cópias (indetectável), variando de 40 a 18.834 cópias. A quantidade de linfócitos CD4 ficou entre 14 e 1.898, com mediana de 512 células. Já os linfócitos CD8 apresentaram mediana de 825, variando entre 165 e 3.822 células, numa relação CD4/CD8 de 0,62. A intervenção com a terapia antirretroviral iniciada em até 60 dias após o diagnóstico da infecção HIV/AIDS controlou a replicação viral e aumentou os linfócitos numa relação CD4/CD8 de 62% dos indivíduos hígidos. Esta configuração imunológica favorável manteve a taxa de prevalência da LV em PVHA muito próxima ao coeficiente de detecção de casos de LV na população geral brasileira, que entre 1990 a 2015, foi de 4,3 casos por 100 mil habitantes. |