LEISHMANIOSE VISCERAL: CARACTERÍSTICAS CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICAS EM UM MUNICÍPIO ENDÊMICO NO INTERIOR DO CEARÁ |
A leishmaniose visceral (LV), popularmente conhecida como calazar, é uma zoonose de evolução crônica, com acometimento sistêmico e, se não tratada, pode levar a óbito até 90% dos casos. É causada pelos protozoários do gênero Leishmania e transmitida ao homem pela picada de fêmeas do inseto vetor infectado. No ambiente urbano, os cães são a principal fonte de infecção para o vetor. Objetivou-se descrever as características clínicas e epidemiológicas dos novos casos de LV em região endêmica no norte do estado do Ceará, entre os anos de 2012 a 2017. Trata-se de um estudo ecológico, retrospectivo, descritivo e quantitativo, com utilização de dados obtidos a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN, por intermédio da Vigilância Epidemiológica do município de Sobral. Foram analisados os casos notificados e confirmados na cidade de Sobral, em relação ao ano de diagnóstico, evolução da doença, droga inicial administrada, faixa etária, sexo e distrito de residência. No período analisado, foram notificados e confirmados 102 novos casos de LV. Desses, 68 (66,6%) eram do sexo masculino e, desses, 16 (23,5%) tinham entre 35 e 49 anos. Em relação ao sexo feminino, ocorreram 34 (33,3%) confirmações e, dessas, a prevalência foi de pacientes pediátricos que totalizaram 67,6% dos casos. A faixa etária mais acometida foi a de crianças menores de 4 anos, representando 31,3% do grupo. No tocante ao ano de diagnóstico, 62 (60,7%) foram em 2012 e 2013. As regiões com mais notificações da doença foram Terrenos Novos e Sinhá Sabóia, responsáveis por 22,5% dos casos. Analisando a evolução da doença, 80 (78,4%) obtiveram a cura, 2 (1,9%) abandonaram o tratamento, 5 (4,9%) vieram a óbito pela LV e 15 (14,7%) foram transferidos. Em relação ao tratamento inicial administrado 76,4% pacientes receberam antimonial pentavalente, 13,7% anfotericina B, 5,8% anfotericina B lipossomal e 2,9% foram tratados com droga não informada. A análise destaca uma maior incidência no sexo masculino e em crianças menores de 4 anos. Na distribuição espacial, os bairros periféricos concentraram mais notificações. Em relação à conduta clínica, o antimonial pentavalente foi o tratamento inicial mais utilizado e a maior parcela dos pacientes alcançou a cura da doença. Sendo a região uma área endêmica, o conhecimento da patologia pelos profissionais de saúde é de extrema importância para diagnostico, tratamento precoce e prevenção, reduzindo indicadores epidemiológicos no município. |