LEISHMANIOSE VISCERAL: CARACTERÍSTICAS CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICAS EM UM MUNICÍPIO ENDÊMICO NO INTERIOR DO CEARÁ
BEATRICE PONTE SOUZA1, JORGE LUIS PIRES DE MORAES1, TAMARA DE PAIVA ROCHA1, CAROLINA ROSA DE OLIVEIRA LEAL1, JANICE OLIVEIRA FONTENELE BARCELOS1, SANDRA MARIA CARNEIRO FLÔR1
1. UFC - Universidade Federal do Ceará - Campus Sobral, 2. VE - Vigilância Epidemiológica de Sobral
beatricepontee@gmail.com

A leishmaniose visceral (LV), popularmente conhecida como calazar, é uma zoonose de evolução crônica, com acometimento sistêmico e, se não tratada, pode levar a óbito até 90% dos casos. É causada pelos protozoários do gênero Leishmania e transmitida ao homem pela picada de fêmeas do inseto vetor infectado. No ambiente urbano, os cães são a principal fonte de infecção para o vetor. Objetivou-se descrever as características clínicas e epidemiológicas dos novos casos de LV em região endêmica no norte do estado do Ceará, entre os anos de 2012 a 2017. Trata-se de um estudo ecológico, retrospectivo, descritivo e quantitativo, com utilização de dados obtidos a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN, por intermédio da Vigilância Epidemiológica do município de Sobral. Foram analisados os casos notificados e confirmados na cidade de Sobral, em relação ao ano de diagnóstico, evolução da doença, droga inicial administrada, faixa etária, sexo e distrito de residência. No período analisado, foram notificados e confirmados 102 novos casos de LV. Desses, 68 (66,6%) eram do sexo masculino e, desses, 16 (23,5%) tinham entre 35 e 49 anos. Em relação ao sexo feminino, ocorreram 34 (33,3%) confirmações e, dessas, a prevalência foi de pacientes pediátricos que totalizaram 67,6% dos casos. A faixa etária mais acometida foi a de crianças menores de 4 anos, representando 31,3% do grupo. No tocante ao ano de diagnóstico, 62 (60,7%) foram em 2012 e 2013. As regiões com mais notificações da doença foram Terrenos Novos e Sinhá Sabóia, responsáveis por 22,5% dos casos. Analisando a evolução da doença, 80 (78,4%) obtiveram a cura, 2 (1,9%) abandonaram o tratamento, 5 (4,9%) vieram a óbito pela LV e 15 (14,7%) foram transferidos. Em relação ao tratamento inicial administrado 76,4% pacientes receberam antimonial pentavalente, 13,7% anfotericina B, 5,8% anfotericina B lipossomal e 2,9% foram tratados com droga não informada. A análise destaca uma maior incidência no sexo masculino e em crianças menores de 4 anos. Na distribuição espacial, os bairros periféricos concentraram mais notificações. Em relação à conduta clínica, o antimonial pentavalente foi o tratamento inicial mais utilizado e a maior parcela dos pacientes alcançou a cura da doença. Sendo a região uma área endêmica, o conhecimento da patologia pelos profissionais de saúde é de extrema importância para diagnostico, tratamento precoce e prevenção, reduzindo indicadores epidemiológicos no município.



Palavras-chaves:  Calazar, Epidemiologia, Leishmaniose, Zoonose