HANSENÍASE NO NORTE DO ESTADO DO CEARÁ: ESTUDO DE NOVOS CASOS ENTRE OS ANOS DE 2012 E 2017
BEATRICE PONTE SOUZA 1, CAROLINA ROSA DE OLIVEIRA LEAL1, JORGE LUIS PIRES DE MORAES1, TAMARA DE PAIVA ROCHA1, SANDRA MARIA CARNEIRO FLÔR1, ROBERTA CAVALCANTE MUNIZ LIRA1
1. UFC - Universidade Federal do Ceará - Campus Sobral, 2. VE - Vigilância Epidemiológica de Sobral
beatricepontee@gmail.com

A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, cujo agente etiológico é o Mycobacterium leprae, bacilo que tem capacidade de infectar grande número de indivíduos, podendo acometer pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade em áreas endêmicas. A doença causa manifestações variadas na pele e nos nervos periféricos, podendo gerar graves incapacidades físicas. O presente trabalho objetivou delinear o perfil epidemiológico dos novos casos de hanseníase no município de Sobral, nos anos de 2012 a 2017. Trata-se de um estudo ecológico, retrospectivo, descritivo e quantitativo, com utilização de dados obtidos a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN, por intermédio da Vigilância Epidemiológica do município de Sobral. Foram analisados os casos notificados e confirmados em relação às variáveis: sexo, faixa etária, ano de diagnóstico, classificação operacional e distrito de residência. Ocorreram 505 novos casos e desses, 102 (20,1%) ocorreram em 2012 e 91 (18%) em 2013. Na distribuição por faixa etária, indivíduos maiores de 15 anos representaram 94,2% dos casos, totalizando 476 notificações, e em relação ao sexo, o mais prevalente foi o sexo masculino com 267 (52,8%) indivíduos confirmados. Analisando a classificação de acordo com o número de lesões cutâneas, 305 (60,3%) apresentaram a forma multibacilar e desses, 58 (19%) ocorreram no ano de 2015. A forma paucibacilar representou 39,6% dos casos. No tocante aos distritos de residência, os que apresentam mais notificações foram Sumaré (9,5%), Terrenos Novos (8,5%) e Sinhá Sabóia (8,3%), totalizando juntos 133. Os novos casos foram predominantemente multibacilares, que representa a forma mais grave da doença, com pacientes apresentando mais de 5 lesões cutâneas. Além disso, os homens, sobretudo adultos e jovens, foram mais acometidos. Na distribuição espacial, os bairros periféricos apresentaram mais notificações que os bairros centrais da cidade. Desse modo, a hanseníase é uma doença que, apesar de possuir detecção e tratamento disponibilizados na rede pública, tem importante incidência, o que evidencia a necessidade de intensificar orientações e ações de vigilância. Além disso, a prevalência da forma multibacilar da doença está intrinsecamente relacionada com estigmas históricos que intensificam o preconceito existente. Tal fato leva a uma reflexão acerca do aspecto psicossocial envolvido, com ênfase no acolhimento da comunidade aos indivíduos acometidos por essa enfermidade.



Palavras-chaves:  Epidemiologia, Estigma, Hanseníase, Multibacilar, Preconceito