EFEITO DE POLISSACARÍDEO DA ALGA MARINHA Aldingensis Laurencia SOBRE ATIVIDADES TÓXICAS DE VENENOS DE SERPENTES |
No Brasil, envenenamento ofídico é um importante problema de saúde pública. A peçonha das serpentes é uma mistura complexa de substâncias, uma parte não protéica e outra protéica, com enzimas e toxinas digestivas. Em geral, os efeitos tóxicos decorrentes dos envenenamentos são produzidos pela parte protéica e estão relacionados à presença de enzimas, como serinoproteases, metaloproteases, desintegrinas, nucleotidases, L-aminoacido oxidase, fosfolipases dentre outras. Os componentes da peçonha variam de acordo com a espécie, a idade do animal e a sua distribuição geográfica. As manifestações clínicas desses envenenamentos são geralmente coagulopatias, (como coagulação intravascular disseminada) e desordens hemorrágicas, devido ao consumo e/ou inibição dos fatores de coagulação, edema, necrose, inflamação. Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, o tratamento para os acidentes ofídicos é a administração de um soro heterólogo, denominado antiveneno ou antiofídico, que protege eficazmente contra o óbito. No entanto, este tratamento tem baixa eficácia na neutralização dos efeitos locais (como necrose e hemorragias), e este fato pode levar a amputações e/ou deformidades no local da picada no vitimado. Desta forma, uma ampla disseminação na pesquisa por produtos naturais vem sendo incentivado e exaustivamente testado. Assim, o objetivo deste trabalho foi investigar a capacidade de um polissacarídeo isolado de alga marinha do Brasil, Aldingensis Laurencia , AQS em neutralizar os efeitos tóxicos in vivo , in vitro e ex vivo causados pelos venenos de L. muta , B. jararaca e B. jararacussu . Nossos resultados mostraram que AQS foi eficaz em inibir hemorragia, edema, miotoxicidade, hemólise, proteólise e coagulação dos venenos. Além disso, a neutralização destes efeitos tóxicos (hemorragia, edema e miotoxicidade) também foi alcançada em protocolos, na qual AQS fora injetado antes (protocolo denominado prevenção) ou depois (protocolo denominado tratamento) da injeção dos venenos; independente da via da administração (via oral, intravenosa e subcutânea) de AQS. O polissacarídeo também inibiu a atividade edematogênica de uma fosfolipase A 2 isolada do veneno de L. muta . Estes resultados sugerem que este polissacarídeo da alga marinha da costa brasileira pode ser eficaz contra as atividades tóxicas dos venenos de L. muta, B. jararaca e B. jararacussu , proporcionando assim um promissor uso no tratamento de envenenamento por estas serpentes. |