ATUALIZAÇÃO SOBRE A SITUAÇÃO ECOEPIDEMIOLÓGICA DA PESTE EM MINAS GERAIS |
A peste, infecção causada pela Yersinia pestis (bactéria Gram negativa da Familia Enterobacteriaceae), é uma zoonose principalmente de roedores e pulgas/vetores, mas pode afetar humanos e outros mamíferos. A zoonose tem importância epidemiológica mundial, e no Brasil permanece em focos naturais em nove estados. A infecção atingiu Minas Gerais em 1936 em consequência de sua interiorização após introdução pelo porto de Santos, SP em 1899 durante a última Pandemia e deixou focos no Vale do Rio Doce e Vale do Jequitinhonha. No Brasil o monitoramento dos roedores na vigilância da peste foi substituído após 2007 pela vigilância sorológica em animais sentinela (cães, carnívoros domésticos, predadores dos roedores) o que acarrretou a diminuição do conhecimento acerca dos roedores, embora tenha sido importante para evidenciar a permanência de focos ativos através das sorologias positivas. Com o objetivo de atualizar as informações ecoepidemiológicas acerca dos roedores silvestres nas áreas focais do Estado foram analisadas no SRP/IAM/FIOCRUZ-PE amostras de soro e tecidos de roedores dos gêneros Necromys , Calomys, Oligoryzomys, Cerradomys, Holochilus, Nectomys, Thrichomys, Galea e Rattus provenientes de áreas historicamente mais relevantes. A pesquisa da Y. pestis nas amostras de sangue, baço e/ou fígado dos animais por Cultura e Multiplex-PCR foi negativa e as amostras de soros analisadas por Hemaglutinação para pesquisa de anticorpos anti-pestosos também foram negativas. Os últimos casos de peste humana em MG foram registrados em 1983 e 1984 no foco do Jequitinhonha, no entanto sorologias positivas têm sido verificadas nas rotinas das atividades da vigilância do Programa de Controle da peste. Em 2017, foram analisadas 1.434 amostras de soros caninos no Lacen-MG e duas (02) amostras (0,14%) provenientes dos municípios de Rubelita e Fruta de Leite, revelaram-se positivas para Ac antipestosos, o que demonstra que a infecção mantém-se em focos de MG. Apesar da baixa prevalência da peste nos animais sentinela é evidente a necessidade de incrementar os estudos em áreas focais conduzindo-os de forma a considerar mudanças climáticas e ações antropogênicas, que podem impactar nas atividades da zoonose. A vigilância contínua dos focos naturais é imprescindível para impedir a transmissão da doença para humanos. |