SÍFILIS NA ADOLESCÊNCIA - UM ALERTA
CAMILA ACÁCIA JORDÃO MARINHO 1, CAMILA MARTINS GOMES PESSOA1, REGINA COELI FERREIRA RAMOS1
1. UNICAP - Universidade Católica de Pernambuco, 2. UFPE - Universidade Federal de Pernambuco
camilamaga@gmail.com

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pelo Treponema pallidum. Os primeiros casos foram registrados há mais de 500 anos e, apesar dos esforços para sua erradicação, o número de infecções aumentou, notadamente em adolescentes e adultos jovens. Além das complicações clínicas, a sífilis facilita a coinfecção por HIV. O recente aumento no número de casos evidencia esta continua sendo uma ameaça à saúde pública. O objetivo desse estudo é descrever e discutir o aumento de sífilis na adolescência, assim como os fatores de risco associados. Desenho do estudo é observacional analítico. Foram analisados e comparados os casos notificados no Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco, no período de 2011 a 2015, entre pessoas com 10 a 49 anos de idade. Observou-se aumento no número de casos notificados de sífilis em todas as faixas etárias. O maior aumento proporcional foi encontrado entre os adolescentes, com um número quase 7 vezes maior em 2015 em relação a 2011. Entre as gestantes, as adolescentes constituem o segundo grupo com maior incidência de sífilis. Houve prevalência da doença no sexo feminino. Os adolescentes são por si só, um grupo vulnerável, por estarem vivendo uma época de experimentações, bem como por serem vítimas potenciais de abusos. A prevalência da IST no sexo feminino pode ocorrer devido a, dentre outros produtores de vulnerabilidade, infecções genitais assintomáticas, anatomia feminina receptora no ato sexual e desigualdade de gênero. O uso infrequente de preservativo, o abuso sexual, o atraso escolar, o uso de drogas lícitas e ilícitas e baixas condições socioeconômicas estão dentre os principais fatores de risco. Concomitantemente ao surto de sífilis, houve falta de penicilina benzatina, antimicrobiano padrão para o tratamento da doença. O aumento no número de gestantes infectadas somado à falta da penicilina pode predispor ao aumento de recém-nascidos com sífilis congênita. Com aumento de casos de sífilis, são necessárias ações preventivas, com investimento no acesso universal à educação e à saúde, campanhas de incentivo à utilização de preservativos e a ampliação da discussão sobre igualdade de gênero nos ambientes em que os adolescentes vivem, assim como maior diálogo entre estes e os profissionais de saúde e familiares. Também é urgente a mobilização governamental e farmacêutica para maior acesso e produção de penicilina benzatina.

Gênero e saúde; Saúde do Adolescente; Sífilis



Palavras-chaves:  gênero e saúde, Saúde do Adolescente , Sífilis