Avaliação da prevalência da infecção em cães ("Canis familiaris") envolvidos no ciclo de transmissão da leishmaniose visceral em São Vicente Férrer, Zona da Mata Norte, Pernambuco, Brasil. |
Introdução: As leishmanioses são zoonoses causadas por protozoários do gênero Leishmania , transmitidas por flebotomíneos. A forma mais grave em humanos é a Leishmaniose visceral (LV), que acomete baço e fígado, e leva a óbito quando não tratada. Pernambuco tem diversas regiões endêmicas para LV, dentre essas a Zona da mata Norte. Na LV, o principal reservatório é o cão, que pode permanecer infectado por muitos anos sem apresentar sinal clínico evidente compatível com a doença, a LV canina (LVC). A identificação, inclusive dos assintomáticos, e eliminação dos cães infectados com LVC, permite ações de controle contra a doença em humanos com ações focadas em regiões de casos caninos. Objetivos: Avaliar a prevalência da infecção por Leishmania spp em cães naturalmente infectados em região endêmica do Estado de Pernambuco e associação com sinais clínicos. Desenho de estudo: Inquérito epidemiológico, experimental analítico. Métodos: Aplicação de teste rápido (TR) para detecção de anticorpos anti-leishmania em sangue total para investigação da doença e avaliação clínica dos cães em São Vicente Férrer, Zona da Mata Norte de Pernambuco. Teste de Qui-quadrado para presença de carrapato e de pulga; condição corporal; se apresenta alopecia, dermatite, seborreia e lesão na pele e se a mucosa ocular é normal ou pálida. Resultados: Na população estudada, a soroprevalência de LVC foi de 13,7%. Cão idoso apresentou sinais clínicos compatíveis com LV, como onicogrifose, condição corporal caquética, dermatite, seborreia e lesão na pele (focinho e orelhas). A pesquisa direta de lesão da orelha desse cão foi positiva para Leishmania sp ; a PCR convencional em sangue foi positiva para L. (Leishmania) infantum . Para todos os 72 cães, apenas as variáveis “tem lesão de pele”, com X 2 =7,7 e “tem dermatite”, com X 2 =11,1, apresentaram significância estatística em relação ao resultado do TR (p>0,05). Em cães de região endêmica, os sinais de lesão de pele característica de LVC ou dermatite, podem estar associados à presença da infecção pela Leishmania infantum . No entanto, outros sinais, como seborreia e mucosa ocular pálida, também devem ser levados em consideração. Conclusão: Os resultados mostraram que, em regiões endêmicas para leishmanioses, cão com lesão na pele e dermatites, são compatíveis com LVC. Portanto, os proprietários desses animais devem comunicar à Vigilância do Município, pois representa risco à população que coabita o mesmo domicílio. |