ANÁLISE DE PRECURSORES DE LINFÓCITOS T NA MEDULA ÓSSEA: CORRELAÇÃO COM A ATROFIA DO TIMO DURANTE A INFECÇÃO ORAL AGUDA PELO TRYPANOSOMA CRUZI
ALESSANDRO MARINS DOS SANTOS 1, DINA DE JESUS MARINHEIRO ANTUNES1, CARLOS JOSÉ CARVALHO MOREIRA1, JACKLINE AYRES-SILVA1, MARCELO PELAJO-MACHADO1, JULIANA DE MEIS 1, DAVID ALFARO1, DESIO AURÉLIO-FARIAS-DE-OLIVEIRA1
1. IOC - LPT - Instituto Oswaldo Cruz, Laboratório de Pesquisas sobre o Timo, 2. UCM - Universidad Complutense de Madrid., 3. IOC - Instituto Oswaldo Cruz, Laboratório de Patologia, 4. IOC - LDP - Instituto Oswaldo Cruz, Laboratório de Doenças Parasitárias
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Durante a fase aguda da infecção experimental pelo T. cruzi ocorrem alterações em células e tecidos do sistema imune. No timo, ocorre intensa depleção de timócitos e atrofia do órgão. No presente estudo, avaliamos o efeito da infecção oral aguda pelo T. cruzi na hematopoiese. Os progenitores hematopoiéticos mais imaturos na medula óssea não expressam marcadores de linhagem próprios das células diferenciadas (Lin) e marcadores relacionados à família de tirosina quinases como Flt3, entretanto, apresentam marcadores próprios, Sca1 e cKit, que definem células tronco hematopoiéticas (HSC: Lin - Sca1 + cKit + Flt3 - ). A partir das HSC, são gerados os progenitores multipotentes (MPP: Lin - Sca1 + cKit + Flt3 + ), que podem se diferenciar em todos os tipos de células sanguíneas e expressam Flt3. Posteriormente, é gerado o progenitor linfoide comum (CLP: Lin - Sca1 + cKit + IL7R + Flt3 + ). Nesse trabalho, revelamos que a medula óssea é um órgão alvo na infecção oral pelo T. cruzi. Verificamos a presença de ninhos da forma amastigota do parasito em 14 e 21 dias pós-infecção (dpi). Analisando a celularidade da medula óssea, observamos uma redução do número de células Lin + e Lin - em animais infectados no ponto de 14 dpi. Por outro lado, em 21 dpi, constatamos que os números absolutos foram similares aos encontrados nos animais controles. Interessantemente, a população de células progenitoras hematopoiéticas apresenta frequência aumentada na medula óssea em 21 dpi, tal expansão é conduzida principalmente pelo aumento de HSC, pois as subpopulações mais comprometidas com a diferenciação em células de linhagem como os MPP e CLP apresentam diminuição na sua frequência. É importante ressaltar que a colonização do timo por progenitores hematopoiéticos da medula óssea é em parte dependente das células MPP e CLP que expressam o receptor de quimiocina CCR9 e a molécula de adesão CD162. Em nossos resultados, constatamos uma diminuição de células Lin - Sca-1 + c-kit + FLT3 + CCR9 + CD162 + , evidenciando alterações nos padrões de geração e diferenciação de tais precursores. O conjunto de resultados até aqui obtidos, sugere que a infecção da medula óssea pelo T. cruzi pode influenciar a dinâmica entre fatores que regulam a quiescência, retenção, mobilização de HSC e a sua diferenciação em progenitores capazes de colonizar o timo, sugerindo uma correlação entre as alterações observadas na medula óssea e a atrofia do timo que ocorre durante a fase aguda da infecção oral pelo T. cruzi.



Palavras-chaves:  Hematopoiese, Medula óssea, Progenitores hematopoiéticos, Timo, Trypanosoma cruzi