“LEISHMANIOSE CUTÂNEA DIFUSA” EM PACIENTE COM AUSÊNCIA DE PARASITAS AOS EXAMES |
INTRODUÇÃO: A leishmaniose cutânea difusa (LCD) é uma forma rara da leishmaniose tegumentar (LT), o polo anérgico-multiparasitário do espectro, no qual a anergia celular está associada à acentuada proliferação dos parasitos e à disseminação da infecção. No Brasil, está associada exclusivamente à infecção causada por L. (L.) amazonensis . As características básicas da LCD são: lesões em placas infiltradas, nódulos, tubérculos associados à exulcerações envolvendo grandes áreas do tegumento cutâneo. A evolução é crônica, sendo considerada refratária a todos os tipos de tratamentos até então utilizados. MÉTODOS/RELATO: Relato de caso de paciente com aspecto clínico de LCD, mas com exames parasitológicos negativos. Paciente masculino, 57 anos, procedente de Sorriso–MT, há 12 anos apresenta nodulações em face, abdome e membros superiores com máculas hipercrômicas, além de epistaxe. Realizou diversas biópsias de pele e mucosa nasal, sempre inespecíficas, com processo inflamatório crônico e celularidade anormal. Inicialmente tratou para hanseníase multibacilar com poliquimioterapia por 4 anos, sem melhora. Após diversas baciloscopias negativas e falha terapêutica, e o surgimento de lesões ulceradas em membros inferiores, o paciente foi tratado com Glucantime®, evoluindo com melhora dos sinais e sintomas (SIC), mas com recidiva em meses. Desta vez foi prescrito anfotericina B® também com boa resposta clínica. Após novas recidivas e vários anos de evolução, foi encaminhado para a referência do HUJM. Reiniciada investigação que mostrou as mesmas alterações ao histopatológico e pesquisas diretas de parasita negativas. Encaminhada amostra para realização de PCR e imunohistoquímica com confirmação do diagnóstico Leishmania (L.) sp (caracterização ainda em curso). Ressalta-se que em 12 anos, esses foram os primeiros exames confirmatórios de sua doença. Pelo relato de resposta satisfatória anterior, feito AmBisome®, com boa resposta inicial e recidiva precoce. Retratamento com pentamidina, evoluindo com boa resposta até o momento. CONCLUSÃO: Trata-se de um caso atípico de leishmaniose, com manifestações clássicas de LCD, cronicidade e baixa resposta aos tratamentos, porém com escassez de parasitas aos exames, o que difere da descrição da síndrome clássica. |