CORRELAÇÃO ENTRE O DESENVOLVIMENTO DE DIABETES MELLITUS TIPO 1 E INFECÇÕES VIRAIS |
O Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) é o distúrbio metabólico crônico mais comum em crianças, caracterizado pela destruição autoimune e progressiva de células beta do pâncreas. Apesar de sua etiologia ainda não estar totalmente esclarecida, estudos recentes demostram uma correlação entre Infecções Virais (IV) e a gênese do DM1, podendo, inclusive, haver interação entre o vírus e genes predisponentes para essa patologia. Buscou-se relacionar os achados de estudos recentes envolvendo as IV e o desenvolvimento de DM1. Trata-se de uma revisão de literatura integrativa. Para tal, realizou-se um levantamento bibliográfico utilizando a expressão “diabetes mellitus type 1” e “viral infection” nos indexadores MEDLINE, PubMed e SCIELO para seleção de artigos escritos em português ou inglês, publicados entre 2008 e 2018. Determinou-se que a maioria dos estudos indicam potencial associação entre IV e DM1, sugerida tanto pela indução de DM1 por vírus em modelos animais, como pelo seu isolamento em pâncreas de pacientes com DM1 recém-desenvolvida. A relação melhor documentada é entre enterovirus e DM1. Estudos recentes apontam desdiferenciação de células beta pancreáticas após infecção por enterovirus. Essa diminuição da expressão de genes específicos de células beta diminui a produção de insulina, mas o mecanismo responsável por esse fenômeno permanece desconhecido. Evidências de reação cruzada entre antígenos virais e próprios como sendo único fator desencadeante de DM1 são pouco sólidas, mas sugere-se que o mimetismo molecular age acelerando a evolução da doença. As IV promoveriam, em indivíduos predispostos, inflamação crônica local devido à persistência do vírus no tecido pancreático e à ativação de autoimunidade através de mecanismos de mimetismo molecular, ativação espectadora ou ambos. Apesar dos indícios que apontam os vírus como colaboradores do desenvolvimento de DM1, seu papel ainda é dúbio, pois também há estudos em modelos animais que assinalam ação protetora, prevenindo-o ou retardando-o. Conclui-se que os estudos corroboram com a existência do papel das IV no desenvolvimento e progressão do DM1 em pacientes geneticamente suscetíveis. Além disso, alguns vírus, como o enterovirus, têm conhecida habilidade de alterar o sistema imune. É clara a necessidade de mais estudos para conhecer a interação entre vírus e o sistema imune de pacientes suscetíveis, para que ocorra o desenvolvimento de vacinas e novos tratamentos para alcançar a redução da incidência da DM1. |