CORRELAÇÃO ENTRE O DESENVOLVIMENTO DE DIABETES MELLITUS TIPO 1 E INFECÇÕES VIRAIS
RAFAEL MOURA TORRES1, ARNALDO ALVES DE MENDONÇA1, CARLOS ALBERTO DE LIMA JÚNIOR1, JOSÉ ESPÍNOLA DA SILVA NETO1, LUANA AYANE RODRIGUES SANTOS1, MONIQUE VIVIANE GALVÃO ALBUQUERQUE1, THAIS FERREIRA GÊDA1, THAMIRES DE FÁTIMA SILVA ARAÚJO1
1. UFAL - Universidade Federal de Alagoas, 2. UNIT - Centro Universitário Tiradentes, 3. UNCISAL - Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas
rafael_mtorres@hotmail.com

O Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) é o distúrbio metabólico crônico mais comum em crianças, caracterizado pela destruição autoimune e progressiva de células beta do pâncreas. Apesar de sua etiologia ainda não estar totalmente esclarecida, estudos recentes demostram uma correlação entre Infecções Virais (IV) e a gênese do DM1, podendo, inclusive, haver interação entre o vírus e genes predisponentes para essa patologia. Buscou-se relacionar os achados de estudos recentes envolvendo as IV e o desenvolvimento de DM1. Trata-se de uma revisão de literatura integrativa. Para tal, realizou-se um levantamento bibliográfico utilizando a expressão “diabetes mellitus type 1” e “viral infection” nos indexadores MEDLINE, PubMed e SCIELO para seleção de artigos escritos em português ou inglês, publicados entre 2008 e 2018. Determinou-se que a maioria dos estudos indicam potencial associação entre IV e DM1, sugerida tanto pela indução de DM1 por vírus em modelos animais, como pelo seu isolamento em pâncreas de pacientes com DM1 recém-desenvolvida. A relação melhor documentada é entre enterovirus e DM1. Estudos recentes apontam desdiferenciação de células beta pancreáticas após infecção por enterovirus. Essa diminuição da expressão de genes específicos de células beta diminui a produção de insulina, mas o mecanismo responsável por esse fenômeno permanece desconhecido. Evidências de reação cruzada entre antígenos virais e próprios como sendo único fator desencadeante de DM1 são pouco sólidas, mas sugere-se que o mimetismo molecular age acelerando a evolução da doença. As IV promoveriam, em indivíduos predispostos, inflamação crônica local devido à persistência do vírus no tecido pancreático e à ativação de autoimunidade através de mecanismos de mimetismo molecular, ativação espectadora ou ambos. Apesar dos indícios que apontam os vírus como colaboradores do desenvolvimento de DM1, seu papel ainda é dúbio, pois também há estudos em modelos animais que assinalam ação protetora, prevenindo-o ou retardando-o. Conclui-se que os estudos corroboram com a existência do papel das IV no desenvolvimento e progressão do DM1 em pacientes geneticamente suscetíveis. Além disso, alguns vírus, como o enterovirus, têm conhecida habilidade de alterar o sistema imune. É clara a necessidade de mais estudos para conhecer a interação entre vírus e o sistema imune de pacientes suscetíveis, para que ocorra o desenvolvimento de vacinas e novos tratamentos para alcançar a redução da incidência da DM1.



Palavras-chaves:  Diabetes Mellitus Tipo 1, Infecção Viral, Patogenia viral, Virulência