Monitoramento de ataques por morcegos hematófagos (Desmodus rotundus) em um Distrito Sanitário do Município de Salvador – BA.
DANIELLE DANTAS LIMA 1, BIANCA CARDEAL DE SOUZA1, MARIA GORETE MAGALHÃES RODRIGUES1, SAMANTA SOUZA RODRIGUES DA CONCEIÇÃO1, INARA CRISTINA LEAL BASTOS1, IVANA DE ALMEIDA BARBOSA BISPO1, AROLDO JOSÉ BORGES CARNEIRO1
1. SMS-CCZ - Centro de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal da Saúde de Salvador – BA.
daniellevetlima@gmail.com

Uma das consequências das transformações antrópicas sobre o meio ambiente é a aproximação da fauna silvestre aos centros urbanos, a exemplo da população de morcegos que aparentemente vem aumentando nas cidades. Tal fato aumenta as chances de contato dos quirópteros com animais domésticos e seres humanos, aumenta o risco de transmissões do vírus da raiva. Os quirópteros podem transmitir o vírus rábico por repasto sanguíneo ou mordedura/arranhadura acidental. O presente trabalho objetivou descrever o monitoramento de ataques por Desmodus rotundus a animais e seres humanos, entre os anos de 2016 e 2017, no Distrito Sanitário de Itapuã no Município de Salvador – BA. O DS Itapuã abrange 17 bairros, com população estimada em 276.260 habitantes. Na área e período analisados foram notificados ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) dois seres humanos e 28 caninos espoliados por morcegos hematófagos, com maior parte dos ataques em condomínios de casas no bairro de Patamares. Nestes imóveis são criados caninos de grande porte com finalidade de guarda, os quais passam a noite no quintal e acabam por servir ao repasto sanguíneo de morcegos hematófagos. Três imóveis possuíam criação de galinhas, as quais também eram espoliadas. Após a notificação dos ataques, o CCZ realizou ação educativa e preventiva nos condomínios, incluindo-se: orientação aos moradores para não manipular animais silvestres e informar ao CCZ em caso de situação atípica; vacinação antirrábica canina e felina; busca ativa de abrigos de D. rotundus . Foram percorridos 24 condomínios, com cerca de 5.966 imóveis no total, sendo vacinados 1.263 animais em média a cada ano. Foram identificados dois abrigo com D. rotundus , sendo capturados 24 espécimes, dos quais 20 receberam pasta com warfarina e quatro foram encaminhados ao LACEN/BA. Um D. rotundus resultou positivo para raiva. Além deste, o vírus rábico foi detectado em outros dois morcegos não hematófagos encontrados mortos na localidade. Os cães primo-vacinados receberam três doses de vacina antirrábica nos dias 0, 7 e 30 pós-exposição; enquanto os demais foram vacinados nos dias 0 e 30 pós-exposição. Considerando que os morcegos assumiram papel de destaque na epidemiologia da raiva, é imprescindível que os municípios implementem medidas preventivas, com ênfase na Educação em Saúde, vacinação animal e manejo de quirópteros.

 



Palavras-chaves:  Lyssavírus, Raiva, Vigilância Epidemiológica, Vigilância em Saúde, Zoonoses