PREVALENCIA DE HEPATITE B OCULTA EM PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRONICA NO BRASIL |
INTRODUÇÃO: A infecção oculta pelo vírus da hepatite B (OBI) é caracterizada pela presença do DNA do vírus da hepatite B (HBV) no soro ou fígado na ausência de HBsAg. Existem poucos dados sobre OBI em pacientes brasileiros com doença renal crônica (DRC) em hemodiálise (HD). OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência de OBI em pacientes com DRC em HD provenientes das regiões Nordeste e Sudeste do Brasil. DESENHO DO ESTUDO: Estudo de corte transversal. MÉTODOS: Foram recrutados 286 pacientes com DRC submetidos à HD regular em unidades de dialise do Rio de Janeiro e Fortaleza no período de 2013 a 2015. Os indivíduos preencheram o termo de consentimento e questionário contendo dados demográficos e fatores de risco. Amostras de sangue foram coletadas antes da sessão de HD e o soro foi testado para HBsAg, anti-HBs e anti-HBc utilizando ensaio imunoenzimático (EIE) comercial. As amostras que apresentavam somente o marcador anti-HBc (HBsAg e anti-HBs negativas) foram submetidas a PCR para amplificação do gene de superfície/polimerase do HBV e as amostras reagentes foram submetidas ao sequenciamento nucleotídeo pelo Método de Sanger. RESULTADOS: A população apresentava média de idade dos pacientes igual a 51,3 ± 13,8 anos, a maioria era do sexo masculino (183/286), casada (51%), com idade superior a 41 anos (76%), com mais de 8 anos de estudo (48,9%) e recebia renda familiar mensal de 80 a 310 dólares (58,9%). A maioria dos indivíduos relatou transfusão sanguínea prévia (206/286), 28 indivíduos relataram transplante renal e o tempo mediano de diálise foi de 48 meses. As prevalências de infecção atual (HBsAg+), infecção passada (anti-HBc/anti-HBs+), imunidade para hepatite B (anti-HBs+) foram 4,54%; 28,7%; 40,5%, respectivamente. A presença isolada do marcador anti-HBc foi observada em 17 indivíduos, onde 2 apresentavam HBV DNA indicando 11,7% de prevalência de hepatite B oculta. Os dois casos apresentavam o genótipo A (subgenotipo A1), história prévia de transfusão de sangue, infecção sexualmente transmissível e nenhum relato de transplante. DISCUSSÃO: Este estudo observou maior prevalência de hepatite B oculta do que demonstrado em estudos anteriores com pacientes com hepatite C na Turquia (1%), portadores de HIV no Irã (3,3%) e hemodialisados do Japão (0,3%). CONCLUSÃO: A prevalência de OBI foi alta neste estudo, demonstrando a necessidade de testes moleculares para HBV em casos de anti-HBc isolado em pacientes em HD. |