PREVALENCIA DE HEPATITE B OCULTA EM PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRONICA NO BRASIL
LIVIA MELO VILLAR 1, KETLYN ARAUJO FRAGA1, ANA CAROLINA FONSECA MENDONÇA1, BÁRBARA VIEIRA DO LAGO1, VANESSA DUARTE COSTA1, JAKELINE RIBEIRO BARBOSA1, JEOVÁ KENY BAIMA COLARES1, DANIELLE MALTA LIMA1, JULIANA CUSTÓDIO MIGUEL1, ELISANGELA FERREIRA DA SILVA1, LIA LAURA LEWIS-XIMENEZ1
1. FIOCRUZ - Laboratorio de Hepatites Virais, Instituto Oswaldo Cruz, FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 2. FIOCRUZ BRASILIA - FIOCRUZ BRASILIA, 3. UNIFOR - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
liviafiocruz@gmail.com

INTRODUÇÃO: A infecção oculta pelo vírus da hepatite B (OBI) é caracterizada pela presença do DNA do vírus da hepatite B (HBV) no soro ou fígado na ausência de HBsAg. Existem poucos dados sobre OBI em pacientes brasileiros com doença renal crônica (DRC) em hemodiálise (HD). OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência de OBI em pacientes com DRC em HD provenientes das regiões Nordeste e Sudeste do Brasil. DESENHO DO ESTUDO: Estudo de corte transversal. MÉTODOS: Foram recrutados 286 pacientes com DRC submetidos à HD regular em unidades de dialise do Rio de Janeiro e Fortaleza no período de 2013 a 2015. Os indivíduos preencheram o termo de consentimento e questionário contendo dados demográficos e fatores de risco. Amostras de sangue foram coletadas antes da sessão de HD e o soro foi testado para HBsAg, anti-HBs e anti-HBc utilizando ensaio imunoenzimático (EIE) comercial. As amostras que apresentavam somente o marcador anti-HBc (HBsAg e anti-HBs negativas) foram submetidas a PCR para amplificação do gene de superfície/polimerase do HBV e as amostras reagentes foram submetidas ao sequenciamento nucleotídeo pelo Método de Sanger. RESULTADOS: A população apresentava média de idade dos pacientes igual a 51,3 ± 13,8 anos, a maioria era do sexo masculino (183/286), casada (51%), com idade superior a 41 anos (76%), com mais de 8 anos de estudo (48,9%) e recebia renda familiar mensal de 80 a 310 dólares (58,9%). A maioria dos indivíduos relatou transfusão sanguínea prévia (206/286), 28 indivíduos relataram transplante renal e o tempo mediano de diálise foi de 48 meses. As prevalências de infecção atual (HBsAg+), infecção passada (anti-HBc/anti-HBs+), imunidade para hepatite B (anti-HBs+) foram 4,54%; 28,7%; 40,5%, respectivamente. A presença isolada do marcador anti-HBc foi observada em 17 indivíduos, onde 2 apresentavam HBV DNA indicando 11,7% de prevalência de hepatite B oculta. Os dois casos apresentavam o genótipo A (subgenotipo A1), história prévia de transfusão de sangue, infecção sexualmente transmissível e nenhum relato de transplante. DISCUSSÃO: Este estudo observou maior prevalência de hepatite B oculta do que demonstrado em estudos anteriores com pacientes com hepatite C na Turquia (1%), portadores de HIV no Irã (3,3%) e hemodialisados do Japão (0,3%). CONCLUSÃO: A prevalência de OBI foi alta neste estudo, demonstrando a necessidade de testes moleculares para HBV em casos de anti-HBc isolado em pacientes em HD.



Palavras-chaves:  dialise renal , hepatite B, nefropatia, prevalencia