RELATO DE CASO DE LEISHMANIOSE VISCERAL RECORRENTE EM LACTENTE DE 8 MESES.
MATHEUS RIBEIRO BORBA DE ANDRADE 2,1, REGINA COELI FERREIRA RAMOS2,1, MARIA ANGELA WANDERLEY ROCHA2,1, ANA CARLA AUGUSTO MOURA FALCÃO2,1, PAULA TEIXEIRA LYRA MARQUES2,1
1. HUOC - Hospital Universitário Oswaldo Cruz, 2. HBL - Hospital Barão de Lucena, 3. IMIP - Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, 4. HC - Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco
matheusborba@gmail.com

Leishmaniose visceral (LV) é uma antropozoonose tropical considerada como negligenciada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), causada pela picada do vetor o Lutzomyia longipalpis contaminado por protozoários do gênero Leishmania, sendo a espécie de maior importância epidemiológica no Brasil a Leishmania chagasi. A LV é uma doença parasitária grave, com elevada morbimortalidade em todo o mundo, podendo ser classificada quanto ao tempo de reaparecimento em recorrente quando ocorre até 6 meses da cura ou recidiva ao ocorrer entre os 6 meses e 12 meses após a cura. A LV é endêmica no interior do Estado de Pernambuco, historicamente relacionada a áreas silvestres vem adotando mais recentemente um perfil epidemiológico urbano. Caso Clinico: Lactente, 8 meses de idade, sexo masculino, branco, natural e procedente da região urbana de Salgueiro–PE. Cartão vacinal atualizado, com internamento prévio aos 4 meses de idade em fevereiro de 2018 por quadro de LV no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) em Recife, confirmado por mielograma e tratado com Anfotericina B lipossomal na dose de 4mg/kg/dia por 5 dias. Deu entrada novamente no HUOC em junho de 2018 apresentando quadro de febre há 8 dias, hipocorado e esplenomegalia. Analiticamente apresentava hemoglobina 7,9g/dL, leucócitos 5,640G/L, plaquetas 136.000/L, PCR 63,1mg/dL, sem aumento das transaminases ou lesão renal. Não foi diagnosticada qualquer imunodeficiência. Realizou novo mielograma que não evidenciou L. chagasi , porém devido a clínica compatível com LV e sabidamente a grande possibilidade de falsos-negativo do método, foi optado pelo tratamento com anfotericina B lipossomal 5mg/Kg/dia. O paciente evoluiu com resolução das queixas mantendo-se afebril e melhora hematimétrica, com alta para acompanhamento ambulatorial. O diagnóstico da LV ainda se configura como um desafio na medicina contemporânea, sendo por muitas preterido como hipótese diagnostica, principalmente na primeira infância. Esse caso apresentado instiga devido a raridade do diagnóstico da LV em um lactente de 4 meses e a evolução para a recorrência em imunocompetentes, o que ressalta a importância da suspeita diagnostica em regiões endêmicas mesmo que fora da faixa etária mais usual e a preocupação com manejo da doença.



Palavras-chaves:  Doenças Negligenciadas, Leishmania chagasi, Leishmaniose Visceral, Recorrente