DETECÇÃO DE FLAVIVIRUS EM CULICÍDEOS DE GOIÁS E MINAS GERAIS |
Os culicídeos (Diptera, Culicidae) reúnem mosquitos de grande interesse para a saúde pública por atuarem como vetores de arboviroses importantes. A vigilância de arboviroses necessita de diversas ferramentas para a identificação de amostras de potenciais hospedeiros, reservatórios e transmissores para o estudo epidemiológico e dos ciclos de manutenção dos vírus. A aplicação da técnica de Transcrição Reversa seguida pela Reação em Cadeia mediada pela Polimerase (RT-PCR) para a vigilância entomo-virológica em culicídeos é de grande valia para esse propósito. A importância do rápido processamento e notificação das informações obtidas é devida à circulação de múltiplas espécies de Flavivirus no Brasil, as quais são causadoras de epidemias recorrentes e agravos com significativo impacto na saúde pública. Por essa razão, este estudo intentou pesquisar Flavivirus em espécimes de culicídeos provenientes de investigação entomo-virológica e investigar a espécie viral presente nas amostras positivas. Os 2 469 culicídeos incluídos no estudo, provenientes da vigilância entomo-virológica dos estados de Goiás e Minas Gerais encaminhados à Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas (SAARB) do Instituto Evandro Chagas (IEC), foram agrupados em 250 amostras, as quais foram submetidas a maceração, seguida de extração de RNA e RT-PCR genérica para o gênero Flavivirus . O genoma de Flavivirus foi detectável em 7 das 250 amostras (2,8%) sendo elas de espécimes de Haemagogus janthinomys, Haemagogus leucocelaenus e Psorophora ferox provenientes dos municípios de Jandaia - GO, Alvarenga - MG e São Sebastião do Maranhão - MG. Os testes de rotina do Laboratório de Biologia Molecular da SAARB apontaram a presença do genoma do vírus da Febre Amarela (VFA) nas 6 amostras com espécimes de Haemagogus spp. , e ausência na amostra com espécimes de Psorophora ferox . A presença do genoma do vírus Rocio (VROC), vírus Ilheus (VILH) - que são conhecidamente transmitidos pela espécie - ou espécies de Flavivirus restritas a insetos podem ter resultado na positividade da amostra. A aplicação de uma ferramenta específica para a detecção de Flavivirus mostra-se relevante, considerando-se também o risco de introdução de outros vírus do mesmo gênero no país. O método aplicado no estudo provê informações que, incorporadas a abordagens mais abrangentes, auxiliam as decisões de autoridades de saúde no que diz respeito à contenção do risco de epidemias causadas por Flavivirus . |