LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA: EVOLUÇÃO ATÍPICA APÓS USO DE CORTICOIDE
SUELLEN GLEYCE FRANÇA1, LÍSIA FERREIRA GONÇALVES 1, ANDERSON SANTOS FULBER1, MONYKELLY DE SÁ CARVALHO 1, ANA ALICE CUNHA CONCER1, MAÍSA DIAS PEDROTTI 1
1. UNINORTE - União Educacional do Norte, 2. UFAC - Universidade Federal do Acre, 3. UNISL - Centro Universitário São Lucas
lisiafg8@gmail.com

Introdução: A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma doença infecto-parasitária, causada por diferentes espécies de protozoários do gênero Leishmania . A lesão cutânea clássica são úlceras múltiplas ou únicas, a depender do status imunitário do hospedeiro. Acomete principalmente indivíduos em áreas rurais, por contato com insetos vetores flebotomíneos do gênero Lutzomyia. As lesões caracterizam-se como úlceras de bordos emoldurados e assoalho de aspecto granuloso. Objetivo : Relata-se um caso clínico de paciente com leishmaniose tegumentar que realizou automedicação com corticoides tópicos, tipo betametasona creme, e sua evolução atípica do quadro. Caso : Paciente feminina, S.P.A, 53 anos, moradora da zona rural, iniciou acompanhamento no Hospital Das Clínicas da capital, com quadro de placas eritematosas, brilhantes, algumas encimadas com crostas em braço direito, sem sintomas locais, de evolução há 8 meses. Relatou uso de corticoide tópico nas lesões sem avaliação médica prévia. Ao exame físico, observou-se presença de múltiplas placas, com bordos elevados e mancha hipocrômica ao redor das placas. Ao seguimento do caso , foi suspenso o corticoide e solicitou-se exames laboratoriais de bioquímica e na suspeita de leishmaniose, a pesquisa direta para leishmanias, a qual foi negativo. Prosseguiu-se com a realização de biópsia de pele, que apresentou infiltrado linfoplasmocitário sutil no H.E e presença de células gigantes, sugestivo de leishmaniose. Ao tratamento, utilizou Glucantime® 15mg/kg/dia por 20 dias. Após três meses houve resolução completa do quadro, evoluindo com manchas atróficas locais. Discussão : O medicamento usado erroneamente pela paciente mascarou as lesões típicas de LTA, interferindo na apresentação clássica do quadro e talvez na busca por tratamento médico. A atipia do quadro se apresentou como lesões em placas brilhantes, ao invés de úlceras, possivelmente pelo uso indiscriminado de corticoides tópicos, os quais sabidamente alteram a imunologia local e sobre as camadas da pele. Conclusão : Evidencia-se nesse contexto, a importância da educação em saúde quanto a automedicação e os riscos desta. É importante a capacitação dos profissionais da área de saúde, destacando a elucidação, não apenas acerca da leishmaniose, como também sobre os riscos e a interferência da automedicação no prognóstico, aumentando tempo de diagnóstico pelo mascaramento das lesões e, até mesmo, a interferência como problema de saúde pública.



Palavras-chaves:  automedicação, dermatologia, infectologia, Leishmaniose Tegumentar Americana