COINFECÇÃO DENGUE E DOENÇA DE CHAGAS EM FASE AGUDA: RELATO DE CASO DE EVOLUÇÃO FATAL
VERA LUCIA REIS SOUZA DE BARROS1, ANTHONY BENNY ROCHA BALIEIRO1, VERA DA COSTA VALENTE1, ANA YECÊ DAS NEVES PINTO 1
1. IEC - Instituto Evandro Chagas
ayneves87@hotmail.com

A doença de Chagas é uma infecção registrada anualmente em níveis endemo-epidêmicos na Amazônia com ênfase na fase aguda (DCA). A Dengue é uma doença viral que se sobrepõe sazonal e geograficamente à DCA em áreas urbanas de Belém. Os autores relatam o caso de jovem com DCA e dengue simultaneamente e evolução fatal. Paciente do sexo masculino, 17 anos, estudante e procedente de Belém. Procurou o atendimento médico do Instituto Evandro Chagas, sendo trazido por um familiar recém diagnosticado com DCA e que havia sido orientado a trazê-lo, em virtude de quadro febril desenvolvido em concomitância ao dele. Menor referiu que há cerca de um mês apresentava febre intermitente, dispneia, astenia, artralgia, cefaleia, mialgias, palpitações, dor precordial, epigastralgia, tosse, dor abdominal e odinofagia. Ao exame físico, apresentava-se em regular estado geral, consciente no tempo espaço, eupneico, febril, hipocorado 3+/4+, desidratado, adenomegalia cervical e discreto edema de face. À ausculta cardíaca não revelou alterações dignas de nota e frequência cardíaca normal. Abdômen: hepatoesplenomegalia. Foi submetido a exames parasitológicos diretos por métodos Quantitative Buffy Coat (QBC) e gota espessa, ambos negativos. A pesquisa de anticorpos IgM e IgG anti T. cruzi realizada pelos métodos de hemaglutinação indireta e imunofluorescência indireta, incluindo títulos de IgM de 1/40 e IgG de 1/160. Também foram colhidos exames parasitológicos indiretos: xenodiagnóstico e hemocultura. O diagnóstico foi confirmado como DCA por meio de critérios clínico-sorológico e epidemiológico, tendo iniciado tratamento com antiparasitário. No mesmo período, mais três pessoas, sendo um familiar e dois vizinhos também foram diagnosticadas como DCA, configurando-se assim um surto familiar. O menor retornou à consulta dois dias após o início do tratamento referindo pouca melhora e aumento da dor abdominal, além de astenia intensa. Apresentava-se hipocorado +++/4+, mau estado geral e desidratado. Foi então encaminhado para internamento hospitalar imediato. Contudo, evoluiu no mesmo dia para óbito no próprio domicílio. Foi submetido a necropsia tendo como principais achados pulmões edemaciados e coração com derrame pericárdico sanguinolento e acentuada miocardite. A imuno-histoquímica no tecido hepático resultou positiva para Dengue tipo 3. O resultado do xenodiagnóstico, cuja leitura é feita 60 dias após a coleta, resultou positiva para T. cruzi.



Palavras-chaves:  Coinfecção, Dengue Grave, Doença de Chagas, Surtos de Doenças