CARDIOPATIA CHAGÁSICA CRÔNICA DE EVOLUÇÃO RÁPIDA EM FOCO DE TRANSMISSÃO ATIVA NA AMAZÔNIA PARÁ: DOENÇA DE CHAGAS SUBAGUDA?
ANA YECÊ DAS NEVES PINTO 1, ANA CAROLINA MORAIS1, ISABEL SOUZA LIMA1, HAROLDO JOSÉ DE MATOS1, VERA DA COSTA VALENTE1, PAULO FERNANDO PIMENTA DE SOUZA1
1. IEC - Instituto Evandro Chagas, 2. CESUPA - Centro Universitário do Pará
ayneves87@hotmail.com

A doença de Chagas (DC) tem evolução bifásica classicamente descrita. A fase aguda tem sido registrada em focos de transmissão ativa da Amazônia, em especial no Pará. A fase crônica sintomática se caracteriza por afetar frequentemente o coração, de forma lenta e progressiva, sendo raramente registrada na região. Os autores tem por objetivo descrever o perfil clínico e epidemiológico de portadores de cardiopatia chagásica crônica autóctones do Pará. Trata-se de estudo transversal de portadores de DC atendidos em centro de referência. Foram incluídos os prontuários de pacientes atendidos no setor de Protocolo Clínicos de DC (PcDcha) do Serviço de Atendimento Médico do Instituto Evandro Chagas, que preencheram os critérios clínicos de caso crônico. Foi realizada recoleta de dados e análise de resultados laboratoriais e de eletrocardiogramas e ecocardiogramas. Todos fazem parte de casuística de acompanhamento do PcDCha realizadas desde 2002 e deram seu consentimento informado para a pesquisa. Foram incluídos nove pacientes. Registrou-se maior prevalência do sexo masculino (78%) e idade entre 40 e 59 anos (78%). Todos apresentaram histórico de quadro agudo de início abrupto caracterizado por dispneia (25%), dor torácica (21%) e palpitações (21%). Sem histórico de febre prolongada. Dentre eles 56% apresentaram sinais compatíveis com doença crônica em um período pouco maior que nove meses em relação ao quadro agudo inicial. Evoluíram com aumento de câmaras cardíacas 67% deles e 33% com síndrome arritmogênica. Entre alterações de condução elétrica cardíaca foram registrados: bloqueio de ramo direito, fibrilação atrial, bloqueio divisional antero superior esquerdo, sobrecarga de ventrículo direito. Apenas um paciente necessitou de abordagem intervencionista invasiva. Evoluíram em intervalo médio de 9 meses de evolução a partir dos primeiros sintomas demonstrando acometimento cardíaco com padrões de cardiopatia chagásica crônica precocemente. Todos receberam tratamento específico em períodos variáveis ao início do quadro clínico, em virtude da evidente história clínica de início súbito, gravidade e retardo no diagnóstico. sem reversão das alterações cardíacas. Destaca-se a baixa suspeição diagnóstica entre profissionais locais, pela apresentação sem síndrome febril própria da doença em fase aguda e de rápida evolução simulando doença crônica. Mais um elemento mórbido de evolução diferenciada se impõe como desafio nos novos focos de transmissão ativa na Amazônia.



Palavras-chaves:  Doença de Chagas, Miocardiopatia chagásica, Miocardiopatia dilatada, Fibrilação atrial