MUDANÇAS MORFOFISIOLÓGICAS NA MATRIZ EXTRACELULAR DO BAÇO DE CÃES NATURALMENTE INFECTADOS COM LEISHMANIA INFANTUM SÃO ASSOCIADAS COM ALTERAÇÕES NOS NICHOS LINFOIDES E NA FREQUÊNCIA DE LINFÓCITOS T CD4
AUREA VIRGINIA ANDRADE DA SILVA 1, FABIANO B. FIGUEIREDO1, RODRIGO C. MENEZES1, ARTHUR A. MENDES-JUNIOR1, LUISA H. MONTEIRO DE MIRANDA1, ELISA CUPOLILLO1, RENATO PORROZZI 1, FERNANDA MORGADO1
1. IOC-FIOCRUZ - Instituto Oswaldo Cruz-FIOCRUZ
aureavirginiaandrade@ymail.com

A leishmaniose visceral canina (LVC) é uma importante doença sistêmica grave causada pelo parasita intracelular Leishmania infatum. Após a infecção, o parasita se dissemina para diversos órgãos, entre os quais o baço recebe destaque devido ao processo de persistência parasitária frequentemente observado neste órgão. A resposta imunológica desenvolvida no baço é dependente da compartimentalização da polpa branca esplênica (PBE). Em cães com LVC tem sido descrito a desorganização da PBE, aumento da carga parasitária, imunossupressão e progressão da doença. Assim, o objetivo deste estudo é avaliar as alterações na matriz extracelular esplênica levando em consideração mudanças estruturais e celulares correlacionando com a carga parasitária e sinais clínicos. Para tal, 41 cães foram agrupados de acordo com a organização da PBE como: 1- Organizado a pouco desorganizado (OR-PD, n= 11); 2- Desorganização moderada a intensa (MD-ID, n= 30). Foram coletados fragmentos esplênicos para a quantificação de carga parasitária através de qPCR, para análise histopatológica e imunohistoquimica. Foram avaliadas as células CD3 + , CD4 + , CD8 + , CD21 + , IFN- γ + , IL-10 + , MMP-9, ADAM-10, assim como a expressão de laminina, colágeno e fibronectina. A desorganização da PBE foi acompanhada pela redução da quantidade de folículos linfoides/mm 2 (p<0,0001). Os animais MD-ID mostraram sinais clínicos mais intensos (p = 0,021), alta deposição de laminina (p= 0,045) e colágeno (p= 0,036), aumento da expressão de MMP-9 (p= 0,035), redução das células T CD4 + (p= 0,027) e menor expressão de NOS2 (p=0.03). Houve correlação entre a expressão de NOS2 e TNF-α (p=0.01, r=0.437). Os dados sugerem que a desorganização esplênica na LVC é causada por aumento na deposição de laminina e colágeno. Estas alterações nos componentes da matriz extracelular e na expressão das metalopeptidases são acompanhadas de redução das células T CD4 + e de menor ativação de macrófagos, consequentemente, maior carga parasitária e doença mais grave.  É possível que a desorganização da MEC afete a migração de linfócitos T CD4 + para sua região de compartimentalização específica na PBE o que poderia estar associado à falha no controle da carga parasitária, quadro de esplenomegalia e progressão da doença.



Palavras-chaves:  Leishmaniose Visceral Canina, Baço, Imunopatologia esplênica, organização da polpa branca esplênica, imunobiologia