MONITORAMENTO DA RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA EM HANSENÍASE NA FUNDAÇÃO ALFREDO DA MATTA, MANAUS/AM
CYNTHIA DE OLIVEIRA FERREIRA1,2, ANDRÉ LUIZ LETURIONDO1,2, FABÍOLA COSTA RODRIGUES1,2, CAROLINA TALHARI1,2, MILTON OZÓRIO MORAES1,2, MONICA NUNES DE SOUZA SANTOS1,2
1. FUAM - Fundação Alfredo da Matta, 2. UEA - Universidade do Estado do Amazonas, 3. FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz
cynthia.oliveira@gmail.com

O sucesso do tratamento com a Poliquimioterapia (PQT) em hanseníase é inegável e proporcionou uma redução expressiva no número de casos novos reportados anualmente no mundo. Apesar disso, a resistência antimicrobiana (RAM) em hanseníase ainda é preocupante, especialmente com o aumento do relatos de cepas multiresistentes em diferentes regiões no mundo, incluindo o Brasil. Dados recentes da rede de vigilância da RAM em hanseníase, conduzida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), relatam a detecção molecular de resistência à rifampicina em todos os continentes, tanto em recidivas quanto em casos novos da doença, sendo o Brasil e a Índia os países com maior número de casos reportados. Dessa maneira, o objetivo desse estudo foi identificar casos de resistência às drogas que compõem a PQT em pacientes atendidos na rotina da Fundação Alfredo da Matta (FUAM) nos anos de 2012 a 2017. Biópsias de pele dos casos suspeitos de recidiva e falência terapêutica foram encaminhadas ao Laboratório de Biologia Molecular da FUAM para detecção de mutações associadas com a RAM. A metodologia empregada consiste na detecção de mutações, por sequenciamento de DNA, em locais específicos do DNA do M. leprae, denominados “regiões de determinação de resistência à droga” (DRDR), nos genes folpI,  rpoB e gyrA, associadas com a resistência à dapsona, rifampicina e ofloxacina, respectivamente. Foram analisadas um total de 173 amostras de biópsia de pele, sendo 66 (38,1%) recidivas. Foi observada mutação no gene rpoB em 1 (0,6%) amostra do total analisado. Este resultado também foi observado para o gene folpI, com 1 (0,6%) amostra mutada. Ambos os casos foram observados em pacientes com recidiva da doença e histórico de tratamento irregular. Nenhuma das amostras analisadas apresentou mutações no gene gyrA, associadas com a resistência à ofloxacina. Esses resultados demonstram que a RAM não é um problema grave nessa população analisada, no entanto, reforçam a necessidade do monitoramento e ampliação do número de amostras analisadas, incluindo amostras de casos novos, para que se possa ter uma real dimensão do problema.



Palavras-chaves:  resistência, folp1, rpoB, gyrA, M. leprae