Produção de anticorpos anti-LJM11/LJM17 como biomarcadores de exposição ao vetor em cães acompanhados em uma área endêmica para leishmaniose visceral
MAIARA REIS ARRUDA1, MANUELA DA SILVA SOLCÀ1, GABRIELA PORTUGAL FERRAZ PEREIRA1, KAENNA BARAUNA CAMPOS1, RAFAEL DA CRUZ MORAIS1, LAIRTON SOUZA BORJA1, MATHEUS SILVA DE JESUS1, MIRIAM FLORES REBOUÇAS1, PATRÍCIA SAMPAIO TAVARES VERAS1, CLAUDIA IDA BRODSKYN1, DEBORAH BITTENCOURT MOTHÉ FRAGA 1
1. IGM/FIOCRUZ - Instituto Gonçalo Moniz, 2. UFBA - Universidade Federal da Bahia, 3. INCT - DT - Instituto de Ciência e Tecnologia de Doenças Tropicais, 4. INCT - Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Investigação em Imunologia
deborah.fraga@bahia.fiocruz.br

 

A leishmaniose visceral é transmitida pela picada do Lutzomyia longipalpis . A saliva do vetor é inoculada no momento da picada, tendo papel importante na transmissão da Leishmania  devido a presença de proteínas com propriedades farmacológicas que favorecem a infecção. Ainda não existem dados correlacionando o desenvolvimento de anticorpos contra as proteínas da saliva do vetor com o perfil de resistência e susceptibilidade na Leishmaniose Visceral canina (LVC). Nosso objetivo foi avaliar a reatividade para proteínas recombinantes rLJM11 e rLJM17 em soros de cães de uma área endêmica para LVC acompanhados por dois anos em um estudo de coorte. Os animais foram reavaliados a cada 3 ou 6 meses, quanto ao diagnóstico e evolução clínica da LVC e exposição e reexposição ao vetor, com ELISA utilizando rLJM11+17. Animais cujos níveis de anticorpos anti-saliva no período subsequente foram iguais ou maiores que o dobro dos níveis do período anterior foram classificados como reexpostos. Os animais foram classificados como negativos, resistentes e susceptíveis a LVC analisando o escore clínico e o diagnóstico para LVC durante todo acompanhamento. Um total de 285 animais foram incluídos no estudo, sendo que 111 destes finalizaram todos os inquéritos de acompanhamento. Dentre os 111, 46 animais apresentavam resultado negativo para exposição a saliva e 19 também apresentavam-se negativos para LVC no inicio do estudo. Foram necessários apenas 6 meses para que a maioria (70%), dos 46 animais que começaram o estudo como não expostos se tornassem expostos ao vetor. O aumento da incidência de exposição ao longo do acompanhamento foi seguido pelo aumento da incidência de casos de LVC. Dentre os 285 cães avaliados, a maioria dos animais (63%) foi reexposta ao vetor em algum momento. Houve associação entre a reexposição ao vetor e o risco de infecção por Leishmania infantum . Quanto a associação da exposição a saliva do vetor e a resistência e susceptibilidade, os animais susceptíveis apresentaram maiores níveis de anticorpos anti-saliva quanto comparados aos animais resistentes e negativos e os animais reexpostos tiveram 2 vezes mais risco de serem susceptíveis à LVC. A produção de anticorpos anti-rLJM11 e rLJM17 demonstrou ser um bom marcador de exposição a saliva do vetor, adicionalmente observamos associação entre reexposição ao vetor e maior susceptibilidade para LVC, podendo ser útil para auxiliar na avaliação do prognóstico de cães residentes em áreas endêmicas.



Palavras-chaves:  Flebotomíneo, Leishmania, Saliva, Susceptibilidade