PERFIL DE UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM PACIENTES COM TUBERCULOSE E HIV/AIDS EM UM HOSPITAL REFERÊNCIA EM DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS DE MINAS GERAIS |
Introdução: O tratamento da coinfecção tuberculose e HIV/aids representa um grande desafio para a saúde pública devido à grande complexidade dos esquemas terapêuticos e o fato de os pacientes ainda apresentarem outras necessidades farmacoterapêuticas, considerando a sua situação imunológica. Objetivos: Descrever as características sociodemográficas, clínicas e o perfil de utilização de medicamentos entre os pacientes coinfectados com tuberculose e HIV/aids. Métodos: Estudo transversal retrospectivo realizado em amostra de 81 pacientes coinfectados com TB e HIV/aids, utilizando um questionário semi-estruturado, no período de setembro de 2015 a dezembro de 2016 no Hospital Eduardo de Menezes da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais. Resultados: Dentre os 81 entrevistados, a maioria era do sexo masculino (77%). A mediana da idade era de 40 anos. Os participantes do estudo informaram utilizar um total de 810 medicamentos (média= 10/paciente). Todos os pacientes estavam tratando a tuberculose, sendo predominante o uso do esquema básico (85%) e a fase de terapia intensiva (88%). Aproximadamente metade dos pacientes (51%) estava em uso de antirretrovirais, com predominância da primeira linha de tratamento (38%), composta por inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos mais a nevirapina ou o efavirenz. Mais da metade dos pacientes (73%) apresentavam linfócitos T CD4+ menor que 200 células/µL e apenas 12% apresentaram carga viral indetectável. Grande parte dos pacientes (78%) utilizavam medicamentos para profilaxias ou tratar outras condições clínicas além da coinfecção, sendo a candidíase e a pneumonia as doenças mais prevalentes. Discussão: A análise sobre o perfil de utilização de medicamentos desses pacientes contribui para o entendimento da complexidade do tratamento dos pacientes coinfectados. A elevada média de utilização de medicamentos por paciente pode estar associada à gravidade do quadro clínico apresentada, com carga viral elevada e linfócitos T CD4+ menor que 200 células/µL, além da presença da tuberculose e outras doenças definidoras da aids. Esses pacientes merecem atenção especial da equipe de saúde em relação à avaliação da farmacoterapia. Conclusão: Observa-se nesse estudo uma grande utilização de medicamentos, bem como um perfil clínico de pacientes graves que devem receber cuidados farmacoterapêuticos individualizados para que se obtenham desfechos clínicos favoráveis. |