PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS ÓBITOS POR ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA NO ESTADO DE SERGIPE
SAMUEL LUCAS CALMON RODRIGUES1,2, ERIKA DE LIMA VASCONCELOS 1,2, KAROLINE ALVES DE ALMEIDA 1,2, WESLLEY MEDEIROS GOIS 1,2, CLARISSA TEIXEIRA DOS SANTOS1,2, AÉCIO LINDENBERG FIGUEIREDO NASCIMENTO1,2, ESTER BENCZ1,2, AMANDA FERREIRA BARBOSA1,2, MÁRCIO CARNEIRO DE LIMA1,2, LÚCIO FLÁVIO FERNANDES DE OLIVEIRA JÚNIOR 1,2, VANESSA OLIVEIRA AMORIM1,2, MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA GOÉS 1,2
1. DMEL/UFS - DEPARTAMENTO DE MEDICINA DE LAGARTO - Universidade Federal de Sergipe, 2. LAIMT - Liga acadêmica de Infectologia e Medicina Tropical
erikalimav@gmail.com

A esquistossomose mansônica é uma parasitose intestinal de veiculação hídrica, pelo helminto Schistosoma mansoni , com forma intermediária em caramujos do gênero Biomphalaria . Tem impacto importante para a saúde pública brasileira, e, apesar de inicialmente assintomática, pode evoluir em formas graves, culminando com o óbito. Esse trabalho objetiva analisar a prevalência dos óbitos por esquistossomose mansônica em Sergipe, e a sua distribuição sociodemográfica. Trata-se de um estudo observacional descritivo dos óbitos por esquistossomose no estado de Sergipe de 1 de janeiro de 2006 a 31 de dezembro de 2017, utilizando o banco do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), e variáveis sociodemográficas (faixa etária, sexo, grau de instrução, ocupação e raça). De um total de 232 casos encontrados, destaca-se o predomínio do sexo feminino (52,6%) sobre o masculino (47,4%); e da raça parda (63,8%). 91,8% dos casos se concentram acima dos 40 anos, concordando com a literatura que aponta percentual acumulado de 74,3% nessa faixa, pelo caráter crônico da enfermidade, e por aspectos fisiológicos da idade. Associadamente, a terapia costuma ser voltada para o tratamento dos mais jovens. Quanto à ocupação, os mais acometidos foram os trabalhadores agropecuários, florestais e de pesca (28,9%). 32,3% não tinham nenhum grau de instrução, quantidade que reduz progressivamente com o aumento do tempo de estudo. Essa é uma doença de caráter endêmico, sendo Sergipe um dos Estados com maior prevalência no Brasil, associada ao baixo nível econômico (o qual leva as pessoas ao consumo de água de rios e açudes para atividades domésticas, somado ao saneamento básico deficiente). Isso concorda com achados de mais óbitos em indivíduos com menor grau de instrução e em ocupações de menor base salarial. No entanto, diferente do encontrado, a maior parte dos óbitos tende a ser no sexo masculino – por terem mais parte nas atividades econômicas relacionadas à infecção. O modo de transmissão da doença, por cercárias em águas contaminadas, destaca as ocupações de relação agropecuária como vinculadas ao maior número de acometimentos. O trabalho aponta, portanto, uma importante correlação de fatores sociodemográficos como baixo grau de instrução, e ocupações com contato predominante com solo e água como preditores de óbito por esquistossomose, sendo que a baixa quantidade de notificação de óbitos em pequenos municípios pode refletir o menor acesso a serviços de saúde, e a subnotificação.



Palavras-chaves:  Epidemiologia, Esquistossomose, Mortalidade, Schistosoma Mansoni