ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA E CO2 SOBRE O GENE Kdr EM POPULAÇÕES DE Aedes aegypti NA CIDADE DE MANAUS
GILMAR SEIXAS DA SILVA GILMAR SILVA1, EWELLYN KARLA OLIVEIRA DA SILVA EWELLYN SILVA1, JURACY DE FREITAS MAIA JURACY MAIA1, WANDERLI PEDRO TADEI 1, JOSELITA MARIA MENDES DOS SANTOS JOSELITA SANTOS1
1. UEA - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS, 2. INPA - INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA
wptadei@gmail.com

Aedes aegypti é o principal vetor dos vírus da febre amarela, chikungunya, dengue e zika, constituindo importante problema de saúde pública em regiões tropicais e subtropicais. Possui alta capacidade adaptativa, estando o controle químico dessa espécie ameaçado, devido ao desenvolvimento de resistência a diversos inseticidas, dentre eles os piretróides. Essa resistência, conhecida como Kdr ( Knockdown resistance ), decorre de uma série de mutações pontuais em diferentes sítios do gene do canal de sódio. Em Manaus, a mutação mais comum é a transição G/A na primeira posição do códon 1016 do éxon 21 do gene. Essa mutação provoca a alteração de uma Valina por uma Isoleucina no sítio 1016 ( Val1016Ile ) do segmento S6 do domínio II do canal de sódio. Há uma grande preocupação com a influência que a temperatura e aumento de CO 2 na atmosfera podem exercer sobre essa mutação. Estima-se um aumento de 1,4 °C a 5,8 °C na temperatura média global e de 855 a 1300 ppm na concentração de CO 2 na atmosfera até 2100. Essas condições podem ter efeito sobre a adaptabilidade do A. aegypti em Manaus. O estudo teve por objetivo analisar a freqüência alélica da mutação G/A no gene Kdr de populações naturais e populações submetidas a aumento de temperatura e concentração de CO 2 . Foi analisado o DNA genômico de onze populações dessa espécie, quatro coletadas em 1999 (Centro, Cidade Nova, Compensa e Coroado) e quatro em 2016 (Novo Aleixo, Morro da Liberdade, Jorge Teixeira e Lírio do Vale), e três populações em condições simuladas de aumento de temperatura e concentração de CO 2 (microcosmos): sala 01 (controle), sala 02 (+2,5 ºC; +400 ppm) e sala 03 (+4,5 ºC; +800 ppm). O alelo mutante ( 1016Ile ) não foi detectado nas populações de 1999 e nas do Microcosmos, estando presente apenas nas populações naturais de 2016, com a maior frequência (0,4118) encontrada no Morro da Liberdade e a menor (0,2069). A ausência do alelo mutante nas populações de 1999 pode estar relacionada com a reinfestação, ainda recente de Manaus, em 1996. A falta de pressão seletiva dos inseticidas piretróides para Aedes em 1999, assim como nas salas do Microcosmos, contribuiu também para o desaparecimento do alelo mutante nestas populações. No entanto, nas populações de 2016, com a exposição dos mosquitos aos inseticidas piretróides durante as campanhas de controle, a frequência do alelo mutante tem sido crescente a partir de 1999 com o primeiro surto de doenças exantemáticas associadas ao A . aegypti .



Palavras-chaves:  Aedes aegypti, knockdown , resistencia, mudanças climáticas