FARMACODERMIA GRAVE SECUNDÁRIA À POLIQUIMIOTERAPIA PARA HANSENÍASE: RELATO DE CASO
GABRIELA BELMONTE DORILÊO 1, VANESSA EVELYN NONATO DE LIMA1, ACKERMAN SALVIA FORTES1, ISABELLE CRISTYNE FLÁVIA GOULART DE PONTES1, LETÍCIA ROSSETTO DA SILVA CAVALCANTE1, LUCIANA NEDER1
1. UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso, 2. HUJM - Hospital Universitário Júlio Muller
gabrielabdorileo@gmail.com

O uso da poliquimioterapia (PQT/MB) -  rifampicina, dapsona e clofazimina - possibilita a cura da hanseníase multibacilar, porém existem poucos estudos que forneçam opções terapêuticas diante de reações adversas ao tratamento, ocorrendo insidiosamente e mantendo-se por um longo período. Este trabalho descreve um caso de reação grave à dapsona, com episódios recorrentes da farmacodermia mesmo após cessação da medicação. Para isso, foi realizada revisão de prontuário médico, além de estudos bibliográficos do caso em questão. Paciente feminino, 41 anos, procedente de Carlinda-MT. Em setembro de 2017 foi diagnosticada clinicamente com hanseníase multibacilar por apresentar neuropatia periférica e espessamento de múltiplos nervos, iniciando PQT-MB. Após quatro meses de tratamento, procurou o serviço de saúde apresentando astenia, tosse seca, dispneia e febre, sendo internada e recebendo o diagnóstico de reação medicamentosa por Dapsona. Houve substituição do medicamento por Ofloxacino, com alta após oito dias de internação. No décimo dia após a alta, evoluiu com lesões por todo corpo, de aspecto bolhoso, com líquido hialino, pruriginosas, hiperemiadas, descamativas, além de outros sintomas inespecíficos. Permaneceu internada por 42 dias, mantendo o tratamento com PQT-MB em esquema substitutivo e Prednisona em descalonamento. No mês seguinte a alta, foi encaminhada ao serviço de infectologia, onde permaneceu internada por 31 dias com suspensão da PQT/MB mantendo extensa farmacodermia com descamação maciça da pele, incluindo áreas genitais e leitos ungueais, com perda total dos cabelos e sobrancelhas, ressecamento, hiperemia, edema e lesão infiltrativa dolorosa em língua. Manifestou hipoacusia transitória decorrente de descamação de pele em orelha externa. A paciente cerca de seis meses após suspensão da PQT/MB ainda recupera-se das reações farmacológicas reentrantes e está em seguimento ambulatorial para avaliar a reinserção da PQT/MB e acompanhamento de possíveis reações. O esquema usado atualmente para o tratamento de hanseníase é o mesmo há 78 anos, evidenciando a necessidade de desenvolver drogas mais seguras, com redução dos eventos adversos, os quais podem levar o paciente a óbito antes mesmo do que o curso natural da doença. Além disso, é imprescindível que os médicos estejam familiarizados com os possíveis efeitos adversos, suspendendo a droga imediatamente e, assim, diminuam a morbimortalidade associadas a essas reações, como no caso descrito.



Palavras-chaves:  Dapsona, Farmacodermia, Reação à PQT/MB