DESEMPENHO DE TESTES DE DETECÇÃO DE ANTICORPOS IGM PARA DENGUE: ENZIMAIMUNOENSAIO COMERCIAL VERSUS TÉCNICA IN HOUSE |
A dengue é uma doença de importância em saúde pública no Brasil. O estado Goiás, apresenta cenário de hiperendemicidade da doença, com circulação simultânea de diferentes sorotipos virais e aproximadamente 600 mil casos notificados de dengue, nos últimos cinco anos. O Laboratório de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO) é referência no diagnóstico de dengue em Goiás. Este é um estudo descritivo, transversal que comparou o desempenho de um enzimaimunoensaio (ELISA) comercial (disponibilizado pelo Ministério da Saúde) versus o teste ELISA “ in house ” (protocolo CDC, Atlanta-EUA), para detecção de anticorpos IgM antidengue. Para fim de comparação, a técnica “ in house ”, implantada no Lacen-GO na década de 90, foi considerada como referência. Neste estudo foram selecionadas amostras de soro, de indivíduos com suspeita clínica de dengue, captados pelo serviço de vigilância epidemiológica, entre abril e novembro de 2017. No período do estudo, 2.326 testes comerciais para detecção de IgM antidengue foram realizados no Lacen-GO, sendo que destes 52,4% apresentaram resultado positivo, 34,8% negativo e 12,8% indeterminado. Entre os 2.326 testes comerciais realizados, 255 foram realizados de forma pareada à técnica “in house”. A análise de comparação demonstrou uma concordância de 69 testes positivos e 68 testes negativos entre as técnicas aplicadas. Resultados discordantes foram observados para 118 (46,3%) amostras analisadas, onde 104 amostras positivas no teste comercial apresentaram resultado negativo quando testadas pela técnica “in house”. A sensibilidade do teste comercial foi de 83% e especificidade de 39,5%. O índice kappa foi de 0,16. Os resultados obtidos neste estudo indicam uma fraca concordância entre os resultados do teste comercial frente à técnica “ in house ” para detecção de anticorpos IgM antidengue. Pelo fato de que, na execução do teste “in house” , são utilizados antígenos provenientes de dengue vírus circulantes no Brasil, produzidos pelo Laboratório de Referência Nacional (Instituto Evandro Chagas), acredita-se que tal técnica seja mais específica e apresente menor probabilidade de resultados falso-positivos. Dessa forma, nossos dados apontam para a importância do aprimoramento das técnicas de diagnóstico sorológico de dengue, especialmente em cenários epidemiológicos onde ocorre a circulação simultânea de outros flavivírus. Apoio: Lacen/GO, Suvisa/GO, SES-GO |