ASSINATURA DE MIRNAS DIFERENCIALMENTE EXPRESSOS EM MULHERES COM CÂNCER DE COLO UTERINO INFECTADAS POR HPV: POTENCIAL DIAGNÓSTICO
SÁVIO AUGUSTO VIEIRA DE OLIVEIRA 1,2,3, RENATA DOS SANTOS ALMEIDA1,2,3, FELIPE DE SOUZA ARAUJO1,2,3, EDUARDO ANTÔNIO DONADI1,2,3, VIRGÍNIA MARIA BARROS DE LORENA1,2,3, NORMA LUCENA-SILVA1,2,3
1. UFPE - PPGMEDTROP - Universidade Federal de Pernambuco, Departamento de Medicina tropical, Pós-Graduação em Medicina Tropical, 2. IAM-FIOCRUZ PE, LIG - Instituto Aggeu Magalhães-Fiocruz PE, Departamento de Imunologia, Laboratório de Imunogenética, 3. IAM-FIOCRUZ PE, LIMP - Instituto Aggeu Magalhães-Fiocruz PE, Departamento de Imunologia, Laboratório de Imunoparasitologia, 4. FMRP-USP - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo, Divisão de Imunologia Clínica, Departamento de Medicina, 5. IMIP - Hospital de Ensino, Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, Oncologia Pediátrica, Laboratório de Biologia Molecular
saviovoliveira@gmail.com

O câncer de colo uterino (CCU) tem como fator etiológico o papilomavírus humano (HPV) cuja infecção e persistência estão associadas aos mecanismos de evasão do HPV ao sistema imune e oncogênese, como a expressão aberrante de microRNAs (miRNAs), importantes na regulação gênica pós-transcricional. O objetivo deste trabalho foi identificar miRNAs diferencialmente expressos no câncer de colo uterino de pacientes infectadas por HPV. Foi desenvolvido um estudo analítico in silico do tipo caso-controle, em que as amostras utilizadas consistiram, respectivamente, de biópsias de tecido tumoral e tecido normal do colo do útero. Os dados de contagem bruta de miRNAs provenientes de RNA-Seq foram obtidos a partir do projeto The Cervical Squamous, Cell Carcinoma and Endocervical Adenocarcinoma -CESC do consórcio TCGA ( The Cancer Genome Atlas ). Todas as análises foram realizadas em programa R, considerando significantes taxas de falsa descoberta (FDR) <0,05. O download dos dados clínicos e de RNA-Seq foi realizado utilizando o TCGAbiolinks, e o processo de filtragem das amostras teve a finalidade de minimizar variáveis indesejadas que poderiam afetar a desregulação de miRNAs. A análise de expressão diferencial de miRNAs foi realizada utilizando os pacotes do R EdgeR, RcolorBrewer, gplots, mixOmics, Rio e Corrplot, entre outros, considerando tecido tumoral versus tecido normal. Após filtração do banco de dados, foram selecionadas três pacientes com biópsias de tecido tumoral (CCU) e normal adjacente disponíveis, sendo detectados 1.881 miRNAs distintos nas amostras. A análise destes dados revelou 24 miRNAs diferencialmente expressos – DE (FDR<0,05), sendo 15 miRNAs superexpressos (hsa-mir-224, hsa-mir-142, hsa-mir-203a, hsa-mir-205, hsa-mir-141, hsa-mir-135b, hsa-mir-182, hsa-mir-183, hsa-mir-200c, hsa-mir-106a, hsa-mir-203b, hsa-mir-20b, hsa-mir-210, hsa-mir-31, hsa-mir-363) e 9 subexpressos (hsa-mir-96, hsa-mir-215, hsa-mir-129-2, hsa-mir-129-1, hsa-mir-139, hsa-mir-133a-1, hsa-mir-133a-2, hsa-mir-1-2, hsa-mir-1-1) em CCU em relação ao tecido normal adjacente. A partir destes resultados, foi possível identificar uma assinatura característica de tecidos tumorais, evidenciando o potencial diagnóstico destas moléculas. No entanto, estudos mais aprofundados e com maior número de amostras são necessários para confirmar sua futura utilização como ferramentas diagnósticas.



Palavras-chaves:  Câncer de Colo do Uterino, Diagnóstico Precoce do Câncer, microRNAs, Papilomavírus Humano