PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E MOLECULAR DE CEPAS DE MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS EM PENITENCIÁRIAS DO RIO GRANDE DO SUL |
Introdução: Em 2017, foram registrados 69.569 casos novos de tuberculose no Brasil, e 10,5% destes, foram registrados na População Privada de Liberdade (PPL). Pode-se observar também que sua incidência no sistema penitenciário brasileiro é cerca de 28 vezes maior que na população geral, e há diversos fatores relacionados ao aumento dessa endemicidade. Na PPL é possível verificar a transmissão recente da tuberculose dentro das unidades prisionais, caracterizada pela identificação de cepas geneticamente semelhantes. Entre as técnicas existentes, o MIRU-VNTR 15-locus tem sido utilizado por possuir alto poder discriminatório e maior sensibilidade. Objetivo: Caracterizar o perfil epidemiológico de M. tuberculosis entre a PPL no Rio Grande do Sul, através da epidemiologia clássica e molecular. Desenho do estudo: Transversal e retrospectivo. Método: Foram utilizadas cepas de 244 apenados, diagnosticados de 2013 à 2014, provenientes de 24 instituições penais. As cepas foram selecionadas a partir do banco de amostras do Laboratório Central do Rio Grande do Sul (LACEN). As variáveis analisadas foram: sexo, escolaridade, idade, desfecho do tratamento, co-infecçãoTB/HIV, tratamento prévio e o agrupamento clonal. As análises foram realizadas em SPSS 20.0. Resultados: Verificou-se que das 244 amostras analisadas, 74 (30,32%) agruparam-se em 21 clusters, contendo de 2 à 11 indivíduos cada. Um total de 9 clusters agruparam cepas de indivíduos provenientes de diferentes penitenciárias. Não houve diferença significativa entre as características estudadas entre clusters e não clusters. Quanto ao desfecho do tratamento, verificou-se que 74,3% alcançaram a cura e que 12,2% abandonaram o tratamento. Discussão: Em outros estudos brasileiros, a frequência de isolados em cluster variou de 58,3% à 84% das amostras analisadas, o que difere dos dados encontrados no presente estudo (30,32%), possivelmente pelo fato de que as análises dos estudos referidos terem sido feitas a partir de amostras coletadas em único presídio. Conforme um estudo realizado em um presídio de outro estado brasileiro, a taxa de cura é de 20,8% e de abandono é de 49%, resultados estes que contrapõe os obtidos no presente estudo, (74,3% e 12,2%) respectivamente. Conclusão: A análise dos padrões obtidos no estudo apresentou similaridade entre as cepas circulantes. Esses dados reforçam a possibilidade da transmissão ter ocorrido predominantemente dentro das unidades prisionais. |