PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E MOLECULAR DE CEPAS DE MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS EM PENITENCIÁRIAS DO RIO GRANDE DO SUL
ELISÂNGELA LUZIA DOS SANTOS 1, DANDÁRA FANFA1, SIMONE DE DAVID1, SIMONE MINGUELLI1, ANA JULIA REIS1, LIA GONÇALVES POSSUELO1
1. UNISC - Universidade de Santa Cruz do Sul, 2. FURG - Fundação Universidade de Rio Grande, 3. LACEN - Laboratório Central do Estado do Rio Grande do Sul
elisangelasant2015@gmail.com

Introdução: Em 2017, foram registrados 69.569 casos novos de tuberculose no Brasil, e 10,5% destes, foram registrados na População Privada de Liberdade (PPL). Pode-se observar também que sua incidência no sistema penitenciário brasileiro é cerca de 28 vezes maior que na população geral, e há diversos fatores relacionados ao aumento dessa endemicidade. Na PPL é possível verificar a transmissão recente da tuberculose dentro das unidades prisionais, caracterizada pela identificação de cepas geneticamente semelhantes. Entre as técnicas existentes, o MIRU-VNTR 15-locus tem sido utilizado por possuir alto poder discriminatório e maior sensibilidade. Objetivo: Caracterizar o perfil epidemiológico de M. tuberculosis entre a PPL no Rio Grande do Sul, através da epidemiologia clássica e molecular. Desenho do estudo: Transversal e retrospectivo. Método: Foram utilizadas cepas de 244 apenados, diagnosticados de 2013 à 2014, provenientes de 24 instituições penais. As cepas foram selecionadas a partir do banco de amostras do Laboratório Central do Rio Grande do Sul (LACEN). As variáveis analisadas foram: sexo, escolaridade, idade, desfecho do tratamento, co-infecçãoTB/HIV, tratamento prévio e o agrupamento clonal. As análises foram realizadas em SPSS 20.0. Resultados: Verificou-se que das 244 amostras analisadas, 74 (30,32%) agruparam-se em 21 clusters, contendo de 2 à 11 indivíduos cada. Um total de 9 clusters agruparam cepas de indivíduos provenientes de diferentes penitenciárias. Não houve diferença significativa entre as características estudadas entre clusters e não clusters. Quanto ao desfecho do tratamento, verificou-se que 74,3% alcançaram a cura e que 12,2% abandonaram o tratamento. Discussão: Em outros estudos brasileiros, a frequência de isolados em cluster variou de 58,3% à 84% das amostras analisadas, o que difere dos dados encontrados no presente estudo (30,32%), possivelmente pelo fato de que as análises dos estudos referidos terem sido feitas a partir de amostras coletadas em único presídio. Conforme um estudo realizado em um presídio de outro estado brasileiro, a taxa de cura é de 20,8% e de abandono é de 49%, resultados estes que contrapõe os obtidos no presente estudo, (74,3% e 12,2%) respectivamente. Conclusão: A análise dos padrões obtidos no estudo apresentou similaridade entre as cepas circulantes. Esses dados reforçam a possibilidade da transmissão ter ocorrido predominantemente dentro das unidades prisionais.



Palavras-chaves:  Genotipagem, Mycobacterium tuberculosis, Penitenciária, Tuberculose