TUBERCULOSE NOS PRESÍDIOS DO RIO GRANDE DO SUL: UM ESTUDO DO PERFIL DE RESISTÊNCIA
DANDARA FANFA1, ELISÂNGELA LUZIA DOS SANTOS 1, DJULIA RAFAELLA KIST1, SIMONE MINGUELLI1, SIMONE DE DAVID1, DANIELA BECKER1, LIA GONÇALVES POSSUELO1
1. UNISC - UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL, 2. LACEN - Laboratório Central do Estado do Rio Grande do Sul
LIAPOSSUELO@UNISC.BR

INTRODUÇÃO: Um dos maiores desafios do sistema prisional brasileiro é a alta incidência de casos tuberculose, resultado da disseminação da doença advindas de celas mal ventiladas e superlotação das instituições penais. A resistência, por sua vez, é fortemente relacionada com o abandono e tratamento inadequado. OBJETIVOS: Descrever o perfil de resistência de cepas de M. tuberculosis provenientes da população privada de liberdade (PPL) do Rio Grande do Sul (RS), e caracterizar o perfil epidemiológico da PPL. DESENHO DO ESTUDO: Estudo transversal retrospectivo. MÉTODOS: Foram incluídos no estudo dados das cepas de M. tuberculosis provenientes da base de dados do Laboratório Central do RS e dados obtidos do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN) de pacientes institucionalizados em presídios do RS no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2014, que realizaram teste de sensibilidade aos antimicrobianos. As variáveis analisadas foram: resultado do teste de sensibilidade, perfil de resistência, HIV, desfecho do tratamento, tipo de entrada no SINAN, tratamento prévio, município de notificação e média de idade. RESULTADOS: Entre os 273 isolados incluídos foram identificados 37 (13,6%) cepas resistentes a qualquer droga, sendo 51,4% monoresistentes e 40,54% multidroga resistentes (MDR). Entre os resistentes, 12 (35,3%) realizaram tratamento prévio e 6 (16,2%) eram HIV positivos. A idade média dos pacientes resistentes foi de 34,5 anos (±11,7), 21 (58,3%) eram casos novos, 5 (13,5%) tiveram abandono do tratamento e 13 (35,1%) tiveram alta por cura. A maior proporção de cepas MDR eram provenientes de pacientes de instituições penais de Porto Alegre (53,3%) e Charqueadas (20%). DISCUSSÃO: A prevalência de resistência observada foi de 13,6%, similar aquelas encontradas em outros estudos com populações prisionais, entretanto a taxa de MDR foi de 40,54%. A taxa de abandono foi superior a recomendada pelo programa nacional de controle da TB, assim como a taxa de cura abaixo dos níveis recomendados nacionalmente. A maioria dos casos de resistência encontrado foi do município de Porto Alegre, o que era esperado pela capital ter maior incidência da doença, assim como ter uma das maiores concentrações de PPL nas instituições penais. CONCLUSÃO:  Altos índices de resistência entre casos sem histórico de tratamento, baixas taxas de cura e altas taxas de abandono foram identificadas na PPL do Rio Grande do Sul.



Palavras-chaves:  Prisões, Tuberculose, Resistência, MDR