INTERLEUCINAS E O MECANISMO DOS ANTIRRETROVIRAIS NA OCORRÊNCIA DE TIREOIDITES AUTOIMUNES EM PACIENTES PORTADORES DO VÍRUS HIV |
Estudos apontam que 1 a 2% dos infectados pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) apresentam disfunção clínica e 35% alterações subclínicas da tireoide. Sua fisiopatologia ainda não é clara, mas destaca-se a investigação da elevação da Interleucina 6 (IL-6) – citocina pró-inflamatória na patogênese do HIV – que favorece o aparecimento dos casos. Além disso, são reportados diagnósticos de Tireoidites Autoimunes (TA) em pacientes após uso de Terapia Antirretroviral (TARV), em face da redução da carga viral e aumento dos linfócitos T CD4, fator predisponente das respostas imunes disseminadas. Objetivou-se relacionar a IL-6 e o uso da TARV na ocorrência de TA em pacientes portadores do vírus HIV . Trata-se de um estudo quantitativo secundário descritivo do tipo revisão de literatura integrativa, realizado em buscas nas bases de dados Pubmed, Lilacs e Scielo. Em virtude disso, utilizou-se as palavras-chave “interleucinas”, “tireoidite” e “HIV” nas bases descritas. Filtrou-se os artigos encontrados de acordo com o ano de sua publicação (últimos 10 anos), e o conteúdo de seu resumo, sendo utilizados 6 artigos, buscou-se o comparativo que define a ligação entre o HIV e as TA. Dessa forma, notou-se elevado nível plasmático de IL-6 nos pacientes HIV+, e se associados ao uso da TARV, há o aumento em 50% comparado à população em geral. Sua expressão em tecidos tireoidianos consta na literatura, em casos de Tireoidite de Hashimoto, como sinalizador de progressão da doença. O hipotireoidismo subclínico é o mais freqüente, com níveis de 12,2% após uso de TARV, e cerca de 2 a 5% evolui para o tipo clínico. Ademais, a TARV favorece a hipercolesterolemia, outro preditor de tireoidites. O hipertireoidismo incide em menos de 2% no HIV+, principalmente na Doença de Graves – possível manifestação tardia da Síndrome Inflamatória de Reconstituição Autoimune (SIRI). Entende-se que o aumento súbito das células CD4+ em função da TARV, induz o aumento dos anticorpos antitireoperoxidase e anti-receptores de TSH. Por fim, confirma-se a relação positiva entre a TARV, a elevação de níveis séricos de IL-6 e a TA. Assim, a dosagem de IL-6 livre pode ser um bom preditor destas condições durante o tratamento antirretroviral. Ademais, visto que a TA pode manifestar-se como uma complicação da restauração imune no TARV, os profissionais médicos devem estar atentos a essa associação e considerar o diagnóstico de tireoidite em pacientes com clínica sugestiva. |