ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DOS CASOS DE MENINGITE NOTIFICADOS NO ESTADO DO PIAUÍ, BRASIL, 2010 A 2017 |
A meningite consiste em uma doença inflamatória que acomete as membranas que protegem o sistema nervoso central, podendo ser causada por diversos agentes infecciosos e por processos não infecciosos. No Brasil, a meningite é considerada uma doença endêmica com elevado índice de incidência e letalidade. O objetivo da pesquisa foi descrever o perfil epidemiológico dos casos notificados de meningite no estado do Piauí nos anos de 2010 a 2017 considerando-se a faixa etária, sexo, classificação, diagnóstico e evolução do caso clínico dos pacientes. O presente estudo consistiu em uma pesquisa retrospectiva, com abordagem descritiva realizada com dados secundários obtidos através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). De 2010 a 2017 foram notificados um total de 2.071 casos de meningite no Piauí, dos quais 61% pertenciam a indivíduos ao sexo masculino. A taxa de incidência de meningites apresentou gradual redução nos anos estudados, variando de 13,61 por 100.000 habitantes em 2010 a 4,0 por 100.000 habitantes no ano de 2017. Observou-se predominância das meningites de origem viral (47,88%), seguidas das quais o agente não foi especificado (26,59%) e bacteriana (20,15%). Apesar de mais frequente, a meningite causada por vírus é menos grave que a bacteriana, apresentando baixa taxa de letalidade (3%) comparada a de agentes bacterianos. A distribuição da faixa etária predominante foi de adultos de 20 a 39 anos e crianças de 5 a 9 anos, sendo 573 casos (27,64%) e 315 casos (15,21%), respectivamente. Uma quantidade considerável de casos registrados apresentou como critério confirmatório o diagnóstico quimiocitológico (68,7%), podendo correlacionar-se com a dificuldade de especificação dos agentes etiológicos. Durante o período em estudo, maior parte dos pacientes evoluiu para alta. No entanto, apesar da redução do número de casos, os anos de 2015 a 2017 apresentaram os maiores coeficientes de letalidade, sendo 15,9% em 2015 e coeficientes de 13,2% e 14,72% em 2016 e 2017, respectivamente. A taxa média de mortalidade foi de aproximadamente 25,3 mortes/ano. Esta realidade reforça a necessidade de melhoria da qualidade do sistema de saúde a nível local, assim como da manutenção da vigilância epidemiológica associada a uma formação continuada de profissionais de saúde de forma a reduzir a incidência de casos e prevenir mortes. |