AVALIAÇÃO DOS EVENTOS ADVERSOS EM PACIENTES DE DOENÇA CHAGAS CRÔNICO COM E SEM SÍNDROME METABÓLICA |
A doença de Chagas (DC) é uma zoonose estimada em cerca de 6 a 7 milhões de indivíduos infectados no mundo. Esta doença apresenta fases aguda e crônica. Nesta última, cerca de 30% dos indivíduos evoluem para forma cardíaca podendo desenvolver insuficiência cardíaca (IC), arritmias ventriculares e/ou tromboembolismo. A síndrome metabólica (SM) é um conjunto de alterações fisiológicas relacionadas com aumento do risco cardiovascular. É requerido a utilização de múltiplos fármacos para o controle de complicações em pacientes com DC e com SM. Os eventos adversos a medicamentos (EAMs) podem ser definidos como qualquer evento desfavorável ao paciente, que pode ocorrer durante ou após o tratamento com um fármaco. O objetivo do estudo foi avaliar correlação de EAMs em paciente com DC crônica com e sem SM. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional e transversal que inclui pacientes com DC com e sem SM. Foram coletados e analisados dados do prontuário destes pacientes. Os EAMs foram classificados segundo a gravidade através do Algoritmo de Naranjo. A correlação entre as variáveis investigadas e o desfecho EAMs foram feitos através dos testes t de Student ou Mann-Whitney; ou Qui-quadrado; ou Exato de Fisher realizado no software R. O nível de significância estatística foi de p<0,05. Resultados: De um total de 308 pacientes planejados para este projeto, coletamos dados de 67 pacientes com DC. A média de idade de 62 anos, 36 (53.7%) do sexo feminino. Em relação a classificação clínica dos pacientes, 17 (25.4%) eram indeterminados, 16 (23.9%) estádio A, 14 (20.9%) B1, 6 (9%) B2 e 14 (20,9%) com IC. Em relação a SM, 33 (49.3) apresentaram este problema e 34 (50.7) foram classificados sem SM. Em relação aos testes de correção com EAMs, é possível destacar, uma frequência maior de EAMs entre os pacientes com IC (34 (50.7) e 3 (50) B2 (p= 0.038). De forma semelhante, também foi observada maior frequência de EAM em pacientes com SM (8 (24.2%) vs 5 (14.7), p= 0.498), porém não significativa. Conclusão: Apesar de ser um resultado preliminar com uma amostra pequena de 67 pacientes, já é possível observar o aumento na frequência de EAMs em pacientes em estágios mais avançados de cardiopatia Chagásica, onde uma possível explicação é uso de uma quantidade maior de fármacos para controle da doença. De forma semelhante, também observamos maior frequência em pacientes com SM, porém não significativa. Esperamos com o aumento do tamanho amostral possamos confirmar esta hipótese. |