CARACTERIZAÇÃO DAS INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA DO EXTREMO NORTE DO BRASIL (2016-2017) |
As infecções hospitalares são consideradas um problema de saúde pública, pois elevam o tempo de hospitalização, os custos da assistência e favorecem a seleção e disseminação de microrganismos multirresistentes. Este estudo levantou o perfil dessas infecções em um hospital de grande porte na Amazônia brasileira entre outubro/2016-outubro/2017. Os dados foram coletados dos arquivos do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar da referida instituição, bem como do Laboratório Central de Saúde Pública. Foram incluídos 219 pacientes, destes 60.7% eram do sexo masculino, a média de idade foi 47.2 anos (±19.3), porém os idosos representaram 21.5% da amostra e a UTI apresentou o maior percentual das infecções (28.3%). Este achado está de acordo com estudos que apontam pacientes com extremos de idade e aqueles internados em UTI como os mais predispostos a infecção hospitalar. Quanto às características das infecções 84.0% foram causadas por um microrganismo e 52.5% dos pacientes receberam antibioticoterapia empírica. As classes de antibióticos mais prescritas foram as cefalosporinas (47.0%) e os carbapenêmicos (28.7%). Dentre as amostras clínicas mais frequentes estavam: trato respiratório (33.5%), lesões, secreções e abscessos (18.8%) e ponta de cateter (18.1%). Os principais patógenos identificados (50.8%) pertenciam ao grupo ESKAPE ( Enterococcus faecium (0.5%) , Staphylococcus aureus (5.8%) , Klebsiella pneumoniae (16.2) , Acinetobacter baumannii (9.2%) , Pseudomonas aeruginosa (13.3%) , Enterobacter (5.8%), tais microrganismos são uma grande preocupação no que se refere a infecção nosocomial versus resistência a antibióticos. Quanto ao perfil de resistência, A. baumannii apresentou resistência superior a 71,4% em cinco das seis classes de antibióticos testadas, P. aeruginosa demonstrou resistência superior 63.6% em três das seis classes avaliadas e K. pneumoniae obteve valores superiores a 63,3% em três das seis classes avaliadas, o que demonstra que esses patógenos apresentam resistência a múltiplos fármacos, sendo sensíveis apenas à colistina. Dentre os isolados Gram-positivos, 57,6% Staphylococcus ( S. aureus e S. epidermidis ) eram multirresistentes e suscetíveis à vancomicina. Este estudo demonstrou maior frequência das infecções entre idosos e pacientes internados na UTI. Dentre os principais patógenos estão os pertencentes ao grupo ESKAPE, em especial os bacilos Gram-negativos multirresistentes aos fármacos. Agência de fomento: Instituto Oswaldo Cruz e CNPq. |