DIFTERIA EM RORAIMA: ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA NO PERÍODO DE 1989 A 2017
MARIA SOLEDADE GARCIA BENEDETTI 2,1, DANIELA PALHA DE SOUZA CAMPOS2,1, DÉBORA DE ALMEIDA SOARES2,1
1. CGVS/SESAU - Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde/ Secretaria de Saúde do Estado de Roraima, 2. UFRR - Universidade Federal de Roraima, 3. HCSA - Hospital da Criança Santo Antônio
danielapscampos@live.com

Apesar das intensificações das ações de vacinação, a difteria permanece ocorrendo em diversos países do mundo de forma endêmica e epidêmica, inclusive no Brasil. O Brasil, desde a década de 1990, apresentou importante redução na incidência dos casos, mediante a ampliação das coberturas vacinais de Tetravalente e DTP. Apesar da redução da incidência, há registro de casos no país. Em 2017, foram notificados 40 casos suspeitos, destes, cinco casos foram confirmados em quatro estados: Acre, Minas Gerais, Roraima e São Paulo. OBJETIVO: Realizar uma análise epidemiológica da difteria em Roraima no período de 1989 a 2017. MÉTODO: Estudo descritivo e retrospectivo. Os dados foram obtidos do SINAN na Vigilância em Saúde estadual entre 2007-2017, e de pesquisa documental entre 1989-2006. RESULTADOS: Foram notificados cinco casos de difteria no período, um caso em 2007, 2008 e 2016, cada, e dois casos em 2017, e apenas este foi confirmado.  Do total de casos notificados, um caso foi registrado na faixa etária entre 1 a 4 ano e entre 10 e 14 anos, cada, e três casos entre 20 e 29 anos de idade, 60% no sexo masculino. Todas as notificações ocorreram na capital, Boa Vista. O caso confirmado foi por meio de cultura com prova de toxigenicidade, e é importado da Venezuela, uma criança de 10 anos, sexo masculino, oriunda de área de garimpo do estado de Bolívar e nunca vacinada. Recebeu soro antidiftérico e antibiótico, contudo, evoluiu para óbito. A situação vacinal era ignorada em 60% (3) dos casos, em 20% (1) apresentou três doses (DPT/DT/TT), e 20% (1) não vacinado. DISCUSSÃO: A difteria é uma doença infecciosa aguda, contagiosa, potencialmente letal e imunoprevenível.  A principal medida de prevenção da difteria é a vacinação. Vacinas com o componente toxóide diftérico encontram-se disponíveis no SUS tanto na demanda espontânea nos serviços de saúde, ou em forma de campanhas de vacinação ou, ainda, de bloqueio vacinal seletivo, quando realizado na ocorrência de um caso suspeito ou de surto da doença. O caso fatal ocorrido em Roraima, importado da Venezuela, reforça a necessidade de manter as coberturas vacinais (CV) do estado elevadas e homogênea, a CV em 2017 (81,2%), abaixo da meta preconizada pelo MS, e a homogeneidade em 2014 (46,7%). Conclusão: Devido as baixas CV e dificuldades nos reforços vacinais a difteria tornou-se um problema de saúde pública no estado, sobretudo após a intensa imigração da Venezuela.



Palavras-chaves:  Difteria, Roraima, Vigilância epidemiológica