EPIDEMIOLOGIA DA DOENÇA DE CHAGAS NO ESTADO DO PIAUÍ: INQUÉRITO TRIATOMÍNICO
JÉSSICA PEREIRA DOS SANTOS 1,6, POLYANNA ARAÚJO ALVES BACELAR 1,6, JOSÉ FELIPE PINHEIRO DO NASCIMENTO VIEIRA1,6, CAROLINA BRANCO DALE COUTINHO1,6, SIMONE PATRÍCIA CARNEIRO DE FREITAS1,6, ALICE HELENA RICARDO DA SILVA1,6, DARWIN RENNE FLORÊNCIO CARDOSO1,6, VAGNER JOSÉ MENDONÇA1,6, FILIPE ANIBAL CARVALHO-COSTA1,6, JACENIR REIS DOS SANTOS-MALLET 1,6
1. PGMT/IOC/FIOCRUZ RJ - Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Fundação Oswaldo Cruz, 2. LACEN PI - Laboratório Central de Saúde Pública Dr. Costa Alvarenga, 3. LIVEDIH/IOC/FIOCRUZ RJ - Laboratório Interdisciplinar de Vigilância Entomológica em Díptera e Hemiptera da Fundação Oswaldo Cruz, 4. UFPI - Universidade Federal do Piauí, 5. LESM/IOC/FIOCRUZ RJ - Laboratório de Epidemiologia e Sistemática Molecular da Fundação Oswaldo Cruz, 6. FIOCRUZ PI - Escritório Regional Fiocruz Piauí
jessica.ssantos87@gmail.com

Estudos sobre a distribuição dos triatomíneos capturados em ambiente domiciliar no Piauí indicaram a presença de onze espécies, das quais T.brasiliensis e T.pseudomaculata foram as mais frequentes e com maior amplitude de distribuição. Esses insetos, capazes de recolonizar o ambiente doméstico, associados com a redução da vigilância entomológica e práticas de pulverização de inseticidas representam um enorme desafio para o controle da doença de Chagas no estado. Esse levantamento teve por objetivo avaliar a presença de vetores da doença no estado do Piauí, região nordeste do Brasil. O estudo foi realizado em 3 comunidades rurais do município de São João do Piauí através de busca ativa de triatomíneos em áreas internas e periféricas de 13 domicílios nas comunidades Poço do Rio (n=1), Jacaré (n=7) e Chiqueirinho (n=5). Vetores da doença de Chagas foram encontrados em 100% das unidades domiciliares visitadas, totalizando 260 espécimes coletados. Destes, 163 (62,7%) foram coletados no intradomicílio constituindo colônias caracterizadas pela presença de quase todos os estágios de desenvolvimento. Entre as colônias intradomiciliares, 135 (82,8%) eram estágios ninfais: N1=89, N2=17, N3=13 e N5=16. Os insetos foram encontrados em abundância sob colchões de cama e nas frestas de paredes feitas de barro. Do total de espécimes coletados, 67 eram adultos (39 machos e 28 fêmeas) e foram identificados de acordo com as chaves propostas por Costa et al. (2014). Destes, 57 insetos adultos correspondiam a Triatoma brasiliensis brasiliensis e 10 a T. brasiliensis macromelasoma. É importante destacar que as estratégias de controle da doença de Chagas na região do estudo foi descontinuada e a força de trabalho que implementava essas ações foram desviadas para o controle do mosquito Aedes aegypti. Diante esses dados, o presente estudo demonstrou a presença de vetores da doença de Chagas com potencial colonização dos domicílios no estado do Piauí e risco de transmissão vetorial, reafirmando a necessidade de pesquisas de prevalência para caracterizar o atual padrão de morbidade da doença de Chagas no estado.



Palavras-chaves:  Doença de Chagas, Doença Negligenciada, Triatomíneos