EPIDEMIOLOGIA DA DOENÇA DE CHAGAS NO ESTADO DO PIAUÍ: INQUÉRITO TRIATOMÍNICO |
Estudos sobre a distribuição dos triatomíneos capturados em ambiente domiciliar no Piauí indicaram a presença de onze espécies, das quais T.brasiliensis e T.pseudomaculata foram as mais frequentes e com maior amplitude de distribuição. Esses insetos, capazes de recolonizar o ambiente doméstico, associados com a redução da vigilância entomológica e práticas de pulverização de inseticidas representam um enorme desafio para o controle da doença de Chagas no estado. Esse levantamento teve por objetivo avaliar a presença de vetores da doença no estado do Piauí, região nordeste do Brasil. O estudo foi realizado em 3 comunidades rurais do município de São João do Piauí através de busca ativa de triatomíneos em áreas internas e periféricas de 13 domicílios nas comunidades Poço do Rio (n=1), Jacaré (n=7) e Chiqueirinho (n=5). Vetores da doença de Chagas foram encontrados em 100% das unidades domiciliares visitadas, totalizando 260 espécimes coletados. Destes, 163 (62,7%) foram coletados no intradomicílio constituindo colônias caracterizadas pela presença de quase todos os estágios de desenvolvimento. Entre as colônias intradomiciliares, 135 (82,8%) eram estágios ninfais: N1=89, N2=17, N3=13 e N5=16. Os insetos foram encontrados em abundância sob colchões de cama e nas frestas de paredes feitas de barro. Do total de espécimes coletados, 67 eram adultos (39 machos e 28 fêmeas) e foram identificados de acordo com as chaves propostas por Costa et al. (2014). Destes, 57 insetos adultos correspondiam a Triatoma brasiliensis brasiliensis e 10 a T. brasiliensis macromelasoma. É importante destacar que as estratégias de controle da doença de Chagas na região do estudo foi descontinuada e a força de trabalho que implementava essas ações foram desviadas para o controle do mosquito Aedes aegypti. Diante esses dados, o presente estudo demonstrou a presença de vetores da doença de Chagas com potencial colonização dos domicílios no estado do Piauí e risco de transmissão vetorial, reafirmando a necessidade de pesquisas de prevalência para caracterizar o atual padrão de morbidade da doença de Chagas no estado. |