NOTIFICAÇÃO DA DOENÇA DE CHAGAS CRÔNICA: O PIONEIRISMO DO ESTADO DE GOIÁS
LILIANE DA ROCHA SIRIANO1, CRYSTIANE RODRIGUES PERIGO SOUZA1, HÉLIO PEREIRA DA SILVA FILHO1, SONAIDE FARIA FERREIRA MARQUES1, FABRÍCIO AUGUSTO DE SOUSA1
1. SES - Coordenação de Zoonoses da Superintendência de Vigilância em Saúde, da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, Goiás
liliane.siriano@yahoo.com.br

No Brasil, a notificação é compulsória e imediata para todos os casos suspeitos ou confirmados de doença de Chagas aguda,isolados ou agrupados,ocorrido por qualquer forma provável de transmissão(Portaria MS n°104/2011). Diferentemente dos casos agudos,até 2013 nenhum estado brasileiro notificava compulsoriamente os casos crônicos. A partir daquele ano, a notificação compulsória da doença de Chagas Crônica é obrigatória em todo o território goiano (Resolução n°04/2013–SES-GO).Objetivou-se com essa iniciativa a necessidade das notificações para dimensionamento do quantitativo dos infectados,forma clínica preponderante e até mesmo a evolução do tratamento pós-medicação, já que em média,750 pessoas vão a óbito por ano em Goiás (SIM-Sistema de Informação de Mortalidade). As notificações ainda transcendem o acesso destes ao sistema de saúde, monitoramento de gestantes e seus filhos, além dos doadores de sangue. Todos os dados foram obtidos a partir do SINAN-Sistema de Informação de Agravos de Notificação a nível estadual. Desde a publicação do decreto,3.215 notificações constam no banco do SINAN. Até o presente momento, a forma clínica sintomática preponderante é a cardíaca,um pouco mais da metade são mulheres (55,8%),idade média de 56,6 anos. Os municípios goianos com maior número de notificações concentram-se próximos à capital do estado, com exceção de Posse que faz fronteira com Correntina na Bahia. Goiânia registra o maior número de notificações (1.586), provavelmente porque os pacientes com receio de não serem atendidos na referência da capital, omitem seu verdadeiro município de residência. Hoje há um esfacelamento neste atendimento: desde o abandono dos programas de controle de vetores, falta de investimentos em melhorias habitacionais, incapacidade dos centros de referência no atendimento ao grande fluxo de infectados,deficiências crônicas de recursos humanos e especializados, desinteresse da indústria farmacêutica em desenvolver novos fármacos. Espera-se também, que uma doença tão negligenciada como esta, possa chamar atenção das autoridades em saúde para um novo redimensionamento no atendimento a esses doentes que em geral pertencem a um grupo de pessoas de baixo poder aquisitivo, de precárias condições habitacionais e mesmo falta de conhecimento sobre esta doença tão enigmática. Que a apresentação destes dados demonstre a importância desta doença em Goiás e que sensibilizem autoridades sanitárias para a implantação desta notificação em todo o Brasil.



Palavras-chaves:  Assistência, Doença de Chagas Crô, Notificação, Pioneirismo