ANÁLISE DESCRITIVA DO PERFIL DE CASOS E ÓBITOS DE LEISHMANIOSE VISCERAL NO BRASIL, 2014 A 2016
PAULO HENRIQUE DA SILVA FRAZĂO 1, THALES FERNANDES BEZERRA1, RAFAELLA ALBUQUERQUE E SILVA1
1. UNICEUB - Centro Universitário de Brasília, 2. MS - Ministério da Saúde
paulohf91@gmail.com

A leishmaniose visceral (LV) é uma antropozoonose de relevância mundial com mortalidade estimada em 59.000 óbitos por ano. Nas Américas, a LV é endêmica em 12 países, sendo o Brasil responsável por mais de 90% dos casos notificados nesta região. O objetivo do trabalho foi descrever o perfil dos casos e óbitos de leishmaniose visceral no Brasil, no período de 2014 a 2016. Foi realizado estudo observacional, descritivo, do tipo série de casos. Os dados foram obtidos a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Observou-se maior número de casos na região Nordeste nos 3 anos. Os estados com maior número de casos são o Ceará e o Maranhão, tendo este último 1.601 casos confirmados (14,09%). Na região Nordeste, ocorreu decréscimo de 24,53% dos casos de 2014 para 2016. Em 2014, registrou-se o primeiro caso humano de LV no estado do Paraná, em Foz do Iguaçu; e a expansão da doença no estado do Rio Grande do Sul com o aparecimento do primeiro caso canino na capital, Porto Alegre, município distante daqueles com casos no estado. A maior incidência dos casos brasileiros ocorreu em homens (65,43%). Com relação à faixa etária observa-se dois picos, um na faixa de 20 a 59 anos e outro em menores de 10 anos. Considerando o sexo e faixa etária, observa-se que nos menores de 10 anos não houve diferença significativa no número de casos entre os sexos. No período, foram registrados 797 óbitos por LV. A média de óbitos, por ano, foi de 265,6, com desvio-padrão de 7,37, demonstrando pouca variação entre os anos, o que pode sugerir dificuldade na assistência prestada ao paciente com LV. A região Nordeste concentrou 58,3% dos óbitos no período, seguida pelas regiões Sudeste (24%), Norte (9,5%), Centro Oeste (7%) e Sul (1%). Em relação ao sexo, tem-se que 67,5% dos óbitos ocorreu no sexo masculino. Considerando a faixa etária, 28% ocorreu entre 40 e 59 anos, seguido pelos menores de 10 anos (25%), e por 20 a 39 anos, com 20,5%. Nos menores de 10 anos, o perfil dos óbitos é maior no sexo feminino, no entanto, há inversão desse perfil após essa idade, com predominância dos óbitos no sexo masculino. Por ser uma doença amplamente distribuída, ocorrendo na maioria das capitais brasileiras, fica clara a necessidade de avaliação das estratégias de controle, bem como estudos que elucidem os fatores de risco para ocorrência de casos e óbitos considerando principalmente as variáveis relacionadas ao sexo.



Palavras-chaves:  Casos, Epidemiologia, Leishmaniose Visceral, Óbitos