INFECÇÃO POR Trypanosoma cruzi E Leishmania SPP. EM CANÍDEOS SILVESTRES E DOMÉSTICOS EM UMA ÁREA DO CERRADO BRASILEIRO
ELIDA MILLENA DE VASCONCELOS BRANDÃO 1, SAMANTA CRISTINA CHAGAS XAVIER1, FABIANA LOPES ROCHA1, CAIO FILIPE DA MOTTA LIMA1, ÍSIS ZANINI DAS CANDEIAS1, FREDERICO GEMESIO LEMOS1, ANA MARIA JANSEN1, ANDRÉ LUIZ RODRIGUES ROQUE1
1. LABTRIP - IOC/FIOCRUZ - Laboratório de Biologia de Tripanosomatídeos - Instituto Oswaldo Cruz, 2. UFPB - Universidade Federal da Paraíba - UFPB Campus IV Litoral Norte, 3. PCMC - Programa de Conservação Mamíferos do Cerrado , 4. ZOO-SP - Fundação Parque Zoológico de São Paulo, 5. USP - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – Universidade de São Paulo, 6. UFGO - Universidade Federal de Goiás/Regional Catalão
elida_millena@hotmail.com

Trypanosoma cruzi e Leishmania spp. são parasitas de uma diversidade de vetores hematófagos e hospedeiros mamíferos, como os canídeos. Estes são considerados bioacumuladores de parasitas, sobretudo daqueles transmitidos pela via oral (como T. cruzi ), devido ao hábito alimentar que pode incluir insetos ou mamíferos infectados. O crescente desmatamento pressiona os animais a utilizarem cada vez mais áreas antropizadas. Este cenário, cada vez mais comum no Cerrado, leva à formação de agroecossistemas onde espécies silvestres e domésticas co-habitam e, potencialmente, compartilham relações ecológicas e epidemiológicas. Assim, avaliamos a taxa de infecção por T. cruzi e Leishmania sp. em canídeos silvestres e domésticos em um agroecossistema de Cerrado em Cumari/GO, por um período de 5 anos (2013-2017). Nossa hipótese é a de que o compartilhamento de áreas favorece o intercâmbio de parasitas entre canídeos domésticos e silvestres, resultando em áreas mais intensas de transmissão. Amostras de sangue foram coletadas para exame a fresco, hemocultivo em meio NNN/LIT e, centrifugação para obtenção do soro para testes sorológicos (RIFI, ELISA e DPP). Medula óssea e fragmentos de pele foram semeados em meio NNN/Schneider, sendo também coletados fragmentos de pele para PCR do kDNA de Leishmania sp. Foram obtidas 132 amostras de canídeos silvestres, incluindo 21 recapturas (16%). Três hemoculturas de Lycalopex vetulus (n=2) e Cerdocyon thous (n=1) foram positivas, sendo as duas primeiras caracterizadas como T. cruzi DTU TcIII. Houve uma cultura de pele de Chrysocyon brachyurus positiva, ainda não caracterizada. Das 105 amostras testadas, observamos uma amostra de pele positiva para o kDNA de Leishmania sp. Exames a fresco e culturas de medula óssea foram todos negativos. Das 129 amostras testadas sorologicamente, 37 (28,6%) foram positivas para T. cruzi e 10 (7,7%) para Leishmania sp. Obtivemos 284 amostras de cães domésticos, sendo 96 recapturas (34%). Desses, houve 1 exame a fresco e dois hemocultivos positivos de espécimes diferentes, sendo um hemocultivo caracterizado com as DTUs TcIII/TcV. A infecção por T. cruzi e Leishmania foi sorologicamente confirmada em 16% e 2,6%, respectivamente. Canídeos silvestres e domésticos da mesma área compartilham infecção por ao menos T. cruzi e Leishmania sp. e a análise destas infecções sob uma ótica espaço-temporal pode ajudar a compreender o processo de intercâmbio e dispersão desses parasitas em agroecossistemas.



Palavras-chaves:  Agroecossistemas, canídeos , Leishmania spp., Trypanosoma cruzi