PREVALÊNCIA DE ORTHOHANTAVIRUS EM DIFERENTES POPULAÇÕES DO MUNICÍPIO DE MANAUS, ESTADO DO AMAZONAS
BÁRBARA BATISTA SALGADO 1,2, RENATO LEMOS PEREIRA1,2, NADIELLE CASTRO PEREIRA1,2, JAILA DIAS BORGES1,2, ANTÔNIO LUIZ RIBEIRO BOECHAT LOPES1,2, SPARTACO ASTOLFI FILHO1,2, PRITESH JAYCHAND LALWANI1,2
1. ILMD - FIOCRUZ/AM - Instituto Leônidas Maria e Deane, 2. UFAM - Universidade Federal do Amazonas
BARBARABSALGADO@HOTMAIL.COM

Hantavirose representa um dos grandes problemas de saúde pública emergentes na região Amazônica. É uma doença humana causada por meio da inalação de aerossóis de excretas de hospedeiros infectados. Três casos fatais de síndrome cardiopulmonar por Orthohantavirus (família Hantaviridae , ordem Bunyavirales ) ocorreram em diferentes locais no Amazonas, contudo poucos estudos clínicos e epidemiológicos foram conduzidos na região. Dessa forma, este projeto teve por objetivo colaborar com informações epidemiológicas relevantes a respeito da circulação desse vírus em Manaus, Amazonas. Foi um estudo observacional de corte transversal, comparando dois grupos de Manaus: doadores de sangue (2014 a 2015) e população geral (2015 a 2016). Nesse trabalho, foi produzida uma nucleoproteína recombinante em sistema procarioto e, depois de purificada por afinidade, foi utilizada como antígeno para detectar a presença de anticorpos IgG anti- Orthohantavirus por ensaio imunoenzimático (ELISA) e confirmados por DotBlot. Os fatores de risco associados à transmissão viral foram identificados e correlacionados por meio de questionários sócio-epidemiológicos. Foram analisadas 1.260 amostras, observando-se uma soroprevalência global de 4,8% (61 soropositivos) e prevalências relativas de 4,3% (31/713) e 5,5% (30/547) em doadores de sangue e população geral, respectivamente. Quanto a gênero, a prevalência foi maior entre os homens (11,04%, p=0,08) na população geral e entre mulheres (8,43%, p=0,02, OR 2,54 [1,16 - 5,57]) em doadores de sangue. A prevalência aumentou com a idade, com predominância na faixa etária acima de 50 anos, 12,50% e 10,64%, e com baixas condições socioeconômicas, com maiores proporções nos grupos com renda mensal de até 2 salários mínimos em ambas as populações, 27,8% e 23,9%, respectivamente. Na população geral, os indivíduos que tiveram contato com floresta há mais de um ano apresentaram maior prevalência (13,04%) e o fato de matar e/ou capturar roedores teve associação estatística limítrofe (11,24%, p=0,064). Em doadores de sangue, possuir galpão de armazenamento de grãos foi estatisticamente significativo (18,75%, p=0,039). Os fatores de risco observados estavam relacionados a situações de proximidade das pessoas aos vetores da hantavirose e foram similares aos reportados em estudos anteriores. Os dados apresentados são pertinentes e contribuem com maior entendimento acerca da distribuição de Orthohantavirus no bioma amazônico.



Palavras-chaves:  hantavirus, sorologia, epidemiologia, Amazônia