PREVALÊNCIA DE ORTHOHANTAVIRUS EM DIFERENTES POPULAÇÕES DO MUNICÍPIO DE MANAUS, ESTADO DO AMAZONAS |
Hantavirose representa um dos grandes problemas de saúde pública emergentes na região Amazônica. É uma doença humana causada por meio da inalação de aerossóis de excretas de hospedeiros infectados. Três casos fatais de síndrome cardiopulmonar por Orthohantavirus (família Hantaviridae , ordem Bunyavirales ) ocorreram em diferentes locais no Amazonas, contudo poucos estudos clínicos e epidemiológicos foram conduzidos na região. Dessa forma, este projeto teve por objetivo colaborar com informações epidemiológicas relevantes a respeito da circulação desse vírus em Manaus, Amazonas. Foi um estudo observacional de corte transversal, comparando dois grupos de Manaus: doadores de sangue (2014 a 2015) e população geral (2015 a 2016). Nesse trabalho, foi produzida uma nucleoproteína recombinante em sistema procarioto e, depois de purificada por afinidade, foi utilizada como antígeno para detectar a presença de anticorpos IgG anti- Orthohantavirus por ensaio imunoenzimático (ELISA) e confirmados por DotBlot. Os fatores de risco associados à transmissão viral foram identificados e correlacionados por meio de questionários sócio-epidemiológicos. Foram analisadas 1.260 amostras, observando-se uma soroprevalência global de 4,8% (61 soropositivos) e prevalências relativas de 4,3% (31/713) e 5,5% (30/547) em doadores de sangue e população geral, respectivamente. Quanto a gênero, a prevalência foi maior entre os homens (11,04%, p=0,08) na população geral e entre mulheres (8,43%, p=0,02, OR 2,54 [1,16 - 5,57]) em doadores de sangue. A prevalência aumentou com a idade, com predominância na faixa etária acima de 50 anos, 12,50% e 10,64%, e com baixas condições socioeconômicas, com maiores proporções nos grupos com renda mensal de até 2 salários mínimos em ambas as populações, 27,8% e 23,9%, respectivamente. Na população geral, os indivíduos que tiveram contato com floresta há mais de um ano apresentaram maior prevalência (13,04%) e o fato de matar e/ou capturar roedores teve associação estatística limítrofe (11,24%, p=0,064). Em doadores de sangue, possuir galpão de armazenamento de grãos foi estatisticamente significativo (18,75%, p=0,039). Os fatores de risco observados estavam relacionados a situações de proximidade das pessoas aos vetores da hantavirose e foram similares aos reportados em estudos anteriores. Os dados apresentados são pertinentes e contribuem com maior entendimento acerca da distribuição de Orthohantavirus no bioma amazônico. |