DISTRIBUIÇÃO POTENCIAL DOS PRINCIPAIS VETORES DE LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA NO BRASIL E SUA RELAÇÃO COM AS ÁREAS DE TRANSMISSÃO DA DOENÇA
BRUNO MOREIRA DE CARVALHO 1, MARGARETE MARTINS DOS SANTOS AFONSO1, SIMONE MIRANDA DA COSTA1, THIAGO VASCONCELOS DOS SANTOS1, ELIZABETH FERREIRA RANGEL1
1. IOC/FIOCRUZ - Instituto Oswaldo Cruz - Fundação Oswaldo Cruz, 2. IEC - Instituto Evandro Chagas
brunomc.eco@gmail.com

A transmissão da leishmaniose tegumentar americana (LTA) no Brasil depende da interação entre muitas espécies de vetores, parasitas e hospedeiros. É essencial que atividades de vigilância e controle sejam planejadas a partir do conhecimento das espécies envolvidas nos diferentes focos de transmissão. A compilação mais recente da distribuição dos flebotomíneos brasileiros data de 2003 e contempla apenas sua ocorrência por estados. A última revisão da distribuição por municípios foi publicada em 1978 e, portanto, carece de atualização. Os objetivos deste trabalho foram: atualizar a lista de distribuição por município dos principais vetores de LTA do Brasil (Nyssomyia whitmani, Ny. intermedia, Ny. neivai, Ny. umbratilis, Psychodopygus wellcomei, Ps. complexus, Migonemyia migonei e Bichromomyia flaviscutellata), gerar modelos de sua distribuição potencial e comparar com a distribuição potencial da LTA em humanos. Registros de ocorrência de flebotomíneos foram obtidos em sete coleções entomológicas brasileiras e uma extensa revisão da literatura (1978-2016). Registros de casos humanos de LTA foram obtidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN, 2001-2016). Modelos de nicho ecológico foram gerados no software R (dismo), baseados em cinco algoritmos e 10 variáveis ambientais representando clima, vegetação e relevo. Os mapas finais foram produzidos no software QGIS. Foram compiladas ocorrências de flebotomíneos em 922 municípios e de casos humanos de LTA em 3451 municípios. Ny. whitmani foi registrada no maior número de municípios (643), seguida por Mg. migonei (436), Bi. flaviscutellata (234), Ny. intermedia (162), Ny. neivai (136), Ny. umbratilis (83), Ps. complexus (47) e Ps. wellcomei (27). Os modelos tiveram bom desempenho preditivo (0,7 1). A grande divergência entre o número de municípios com informações sobre vetores e com casos registrados de LTA demonstra a carência de informações sobre vetores nos focos de transmissão da doença. Cerca de 93% da distribuição potencial da doença foi sobreposta pela distribuição potencial dos vetores. Os 7% remanescentes indicam lacunas sobre o conhecimento dos vetores, principalmente nas regiões Nordeste e Norte. Estas lacunas podem representar a carência de estudos em campo ou a insuficiência de dados publicados. Os próximos passos incluem refinar as ocorrências de vetores ao nível de localidade de captura, para produzir modelos de nicho ecológico em escalas espaciais mais finas.

Palavras-chaves:  Leishmaniose Tegumentar Americana, Nicho Ecológico, Phlebotominae