ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS RELACIONADOS AO TRABALHO NOTIFICADOS NO RIO GRANDE DO SUL, 2013 A 2017.
LUCIANA NUSSBAUMER 1, VIRGÍNIA DAPPER1
1. CEVS/SES/RS - CENTRO ESTADUAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE/SECRETARIA DA SAÚDE/RIO GRANDE DO SUL
luciana-nussbaumer@saude.rs.gov.br

Os acidentes por animais peçonhentos constituem um problema de saúde pública, tanto pelo número de atendimentos que geram, quanto pela morbimortalidade que determinam quando não são tratados de maneira adequada. A análise destes acidentes é fundamental para o planejamento das ações de vigilância em saúde do trabalhador no Sistema Único de Saúde, principalmente para populações do campo. Os acidentes de maior interesse toxicológico no Brasil podem ser causados por: ofídios, aracnídeos, escorpiões, lagartas urticantes, abelhas, peixes peçonhentos, celenterados e cnidários. A Coordenação Nacional de Controle de Zoonoses e Animais peçonhentos adotou, a partir de 1995, a notificação compulsória de acidentes com animais peçonhentos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN/MS), em ficha específica para este tipo de agravo. Este estudo analisou os acidentes com animais peçonhentos relacionados ao trabalho registrados no SINAN/MS, no Rio Grande do Sul, no período de 2013 a 2017. Os dados foram exportados do SINAN. Foram analisadas as variáveis: sexo, faixa etária, ocupação, zona (urbana/ rural), manifestações locais/sistêmicas, tipo de acidente, tempo entre picada/atendimento e desfecho. Foram notificados no SINAN/MS, no período de 2013 a 2017, 27663 acidentes por animais peçonhentos, sendo que 4972 (17,91%) foram notificados como relacionados ao trabalho. Destes relacionados ao trabalho, a maioria (42,43%) acometeram trabalhadores entre 40 e 59 anos, e 146 casos (2,93%) ocorreram em menores de 18 anos, 72,16% acometeram homens,  78,55% ocorreram na zona rural, sendo 36,32% com ocupações relacionadas a atividades agropecuárias. A maioria dos acidentes relacionados ao trabalho foi com aranhas (46,90%), seguidos de serpentes (30,10%) e de abelhas (9,23%). Quanto à presença de manifestações, 95,75% apresentaram manifestações locais e 10,63% sistêmicas. Em 72,68% dos casos o atendimento se ocorreu até 3 horas após a picada. Quanto ao desfecho 6 casos (0,20%) resultaram em óbito pelo acidente. Considerando que muitos dos acidentes com animais peçonhentos não tem sua relação com o trabalho identificada na notificação, apesar de ocorrerem na zona rural e com ocupação compatível com o trabalho rural, é necessária a qualificação destes sistemas de informações disponíveis e melhoria na investigação dos casos, para o adequado planejamento e otimização das ações de vigilância em saúde.



Palavras-chaves:  SAÚDE DO TRABALHADOR, ACIDENTE DE TRABALHO, ANIMAIS VENENOSOS, VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR, SISTEMA DE INFORMAÇÃO