AVALIAÇÃO IN VITRO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA E CITOTÓXICA DE FRAÇÕES ÁCIDAS DO VENENO BRUTO DE BOTHROPS MOOJENI |
Venenos ofídicos possuem ampla gama de constituintes, com destaque para os componentes proteicos. Este potencial molecular é capaz de proporcionar novas ferramentas ao enfrentamento de infecções por bactérias multirresistentes. Assim, o objetivo desta pesquisa foi avaliar, in vitro , a ação de frações ácidas do veneno bruto de Bothrops moojeni (VBM) sobre cepas ATCC (American Type Culture Collection) e MRSA (patogênica multirresistente) de Staphylococcus aureus , por meio do método de microdiluição em caldo, bem como avaliar o efeito citotóxico sobre linhagem celular HepG2. Amostra liofilizada de veneno bruto foi pesada, solubilizada e submetida ao fracionamento em cromatografia de troca iônica (HPLC GE ® Life Sciences, USA) para obtenção do grupo de frações ácidas (F AC ), que passou por dosagem proteica ( DC Protein Assay ® ) e análise eletroforética em SDS-PAGE 12,5%. Inóculo bacteriano preparado segundo o método de crescimento (CLSI, 2012). No método de microdiluição foi adotado Imipenem 500 μg/mL como controle positivo (morte bacteriana) e caldo BHI, controle negativo. Ensaios em duplicata e microplacas incubadas a 37ºC por até 24 horas. Leitura através de inspeção visual e confirmação por turbidimetria (450 nm). A Concentração Inibitória Mínima (CIM) foi considerada a menor concentração de F AC capaz de inibir completamente o crescimento bacteriano. One-Way Anova e Pós-teste de Tukey foram aplicados na análise estatística das médias de absorbância. A avaliação de citotoxicidade sobre HepG2 foi realizada em triplicata, com adição de MTT 5mg/mL e posterior leitura à 570 nm. Resultados expressos em concentração citotóxica para 50% das células (CC 50 ). Em SDS-PAGE 12,5%, F AC formou bandas notáveis de 15 e 60 kDa. A CIM de F AC ativa contra S. aureus ATCC 25923 e MRSA, ficou definida em 7.8 μg/mL. Sobre HepG2, foi possível mensurar uma CC 50 de 12.85 µg/mL e viabilidade celular de 100% em 3.12 μg/mL. Estes resultados permitem inferir que F AC exerce ação antimicrobiana total em concentração próxima daquela com nenhuma citotoxicidade sobre células do fígado humano. Estudos anteriores indicam que esta ação pode estar relacionada à LAAOs e PLA 2 (STÁBELI et al., 2007; SILVEIRA et al., 2013). Pode-se considerar também uma possível ação sinérgica destas macromoléculas. Maiores estudos com F AC VBM e seus componentes devem ser realizados, visando sua utilização como novas drogas de uso clínico. |