AVALIAÇÃO IN VITRO DE FRAÇÕES DO VENENO BRUTO DE BOTHROPS ATROX SOBRE STAPHYLOCOCCUS AUREUS ATCC E MRSA
ANDRÉ FELIPE SOUSA SANTOS1, ANTONIO JUNIO FEITOSA DA SILVA1, FLÁVIO AUGUSTO DE SOUZA OLIVEIRA1, BRUNO GILDO DALLA VECCHIA MORALES1, JORGE JAVIER ALFONSO RUIZ DÍAZ1, YGOR RIQUELME ANTUNES1, ANDREIMAR MARTINS SOARES1, CHRISTIAN COLLINS KUEHN1
1. UNIR - Fundação Universidade Federal de Rondônia , 2. FIOCRUZ - Fundação OSWALDO CRUZ Rondônia
Christian.collins@unir.br

Venenos de serpentes possuem ampla gama de constituintes com destaque para os componentes proteicos. Tal característica pode proporcionar o desenvolvimento de novas estratégias no combate às infecções por bactérias multirresistentes. Assim, o objetivo desta pesquisa foi avaliar, in vitro , a ação de frações do veneno bruto de Bothrops atrox (VBAT) sobre cepas ATCC (American Type Culture Collection) e MRSA (patogênica multirresistente) de Staphylococcus aureus , por meio do método de poço-difusão em ágar. Amostra de veneno bruto armazenada seca à vácuo foi pesada, solubilizada e submetida ao fracionamento por gel-filtração (HPLC GE ® Life Sciences, USA). As frações obtidas passaram por quantificação do teor proteico ( DC Protein Assay ® ), análise em SDS-PAGE 12,5% e foram avaliadas frente às cepas bacterianas na difusão em meio ágar. Inóculo bacteriano preparado segundo o método de crescimento (CLSI, 2012). Imipenem 500 μg/mL como controle positivo e PBS 1X, controle negativo. Diâmetros dos halos de inibição do crescimento medidos com o auxílio de halômetro. A gel-filtração de VBAT resultou em 8 frações (F) eluídas. SDS-PAGE 12,5% revelou que F1 contém proteínas com aproximadamente 55, 36 e 30 kDa. Na avaliação em poço-difusão, F1 demonstrou formação de halo sobre S. aureus ATCC 25923 e MRSA. As frações restantes não formaram halo de inibição do crescimento. PBS 1X não formou halo e Imipenem 500 μg/mL, halo > 30 mm. A repetição do teste em triplicata com F1, revelou média do halo de 20.67 mm sobre S. aureus ATCC 25923 e 22 mm sobre MRSA. Em gel-filtração, moléculas maiores eluem juntas ao primeiro pico do cromatograma; moléculas menores, juntas ao último pico. O tamanho real das moléculas reflete o seu peso molecular (KAZAKEVICH; LOBRUTTO, 2006). A ordem de eluição e o SDS-PAGE 12,5% indicaram que F1 contém proteínas de maior peso molecular e concentração proteica mais elevada. O padrão eletroforético das frações foi compatível aos de componentes isolados em outros estudos com veneno de B. atrox . Os resultados obtidos demonstram que a fração F1 VBAT apresentou ação antimicrobiana sobre as cepas de S. aureus , ATCC e MRSA. Tal atividade pode estar relacionada à presença de componentes proteicos com atividade enzimática, atuando de forma isolada ou sinérgica. Nesse contexto, novos estudos devem ser realizados com o intuito de isolamento, purificação e caracterização funcional dos mesmos.



Palavras-chaves:  Bothrops atrox, Resistência Antimicrobiana, Veneno