ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DA INCIDÊNCIA DE SÍFILIS CONGÊNITA PRECOCE NAS DIVERSAS REGIÕES BRASILEIRAS |
A sífilis, causada pelo Treponema pallidum , transmite-se predominantemente por via sexual e tem clínica variada. A forma congênita ocorre por disseminação hematogênica via transplacentária, por gestante não tratada ou inadequadamente tratada, para o feto. Divide-se em precoce (até o segundo ano de vida) e tardia. O objetivo é comparar, por estudo epidemiológico descritivo, a partir do número de casos de sífilis gestacional, a incidência de sífilis congênita precoce em menores de 01 ano, em cada região brasileira, em 12 anos. Realizou-se coleta de dados no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) do número de notificações de sífilis gestacional e congênita precoce no período de 2005-2016. Em seguida, calculou-se a incidência de sífilis congênita baseado nos casos de sífilis gestacional em cada região brasileira. Nesse período foram notificados 185.018 casos de sífilis gestacional no país. Destes, 127.390 (68,85%) causaram doença congênita precoce. Em número absoluto de sífilis gestacional, destaca-se a região sudeste (82.138), seguido do Nordeste (38.333), sul (26.561), norte (20.356) e centro-oeste (17.630). Quanto aos casos notificados de sífilis congênita, destaca-se a região sudeste (54.369), nordeste (40.853), sul (14.133), norte (11.118) e centro-oeste (6.917). Calculando-se a incidência de sífilis congênita com base nos casos de sífilis gestacional, tem-se uma mudança, com ênfase na região nordeste (incidência de 106,57%), seguido da região sudeste (66,19%), norte (54,61%), sul (53,20%) e centro-oeste (39,23%). Apesar dos números absolutos de casos de sífilis gestacional e congênita prevalecerem no Sudeste, o Nordeste foi a única região com incidência de sífilis congênita maior que a média nacional (68,85%). Tal fato reflete a subnotificação dos casos de sífilis gestacional nessa região e permite concluir que a proporção de casos de sífilis congênita é maior em áreas menos desenvolvidas. Este achado converge com os fatores sociodemográficos relacionados com a sífilis gestacional: pouca escolaridade, baixa renda e situação conjugal das mulheres. Diante disso, é necessária uma atenção ao pré-natal, realizando diagnóstico e tratamento eficaz da infecção, o que permitiria reduzir o número de casos e morbimortalidade perinatal. Além disso, a subnotificação apresentada na região nordeste é fator alarmante que exige ação dos profissionais responsáveis pelas notificações de tais agravos. |