DINÂMICA DA REINFESTAÇÃO POR Triatoma brasiliensis (HEMIPTERA, REDUVIIDAE, TRIATOMINAE) NA CAATINGA CEARENSE, APÓS BORRIFAÇÃO COM INSETICIDA RESIDUAL. |
Tauá (CE) localiza-se no Sertão dos Inhamuns, região de Caatinga reconhecida como de alto risco na transmissão domiciliar de Trypanosoma cruzi pela alta dispersão e infestação por T.brasiliensis e T. pseudomaculata . O objetivo desse trabalho foi caracterizar o padrão espaço temporal e a diversidade genética de populações de T. brasiliensis e de T. cruzi neste município. Foi realizado um estudo transversal baseado em pesquisa triatomínica silvestre e domiciliar no período de 2009 a 2015. T. brasiliensis foi a espécie mais importante, com ampla distribuição nas localidades, e ocupando diferentes ecótopos naturais e artificiais. As “telhas, tijolos e pedras” foram os ecótopos peridomiciliares mais infestados. O intradomicílio foi o ambiente com maior índice de infecção 10,3% (18/175), seguido pelo ambiente silvestre 3,3% (32/979) e peridomicílio 3,1% (51/1.629). O índice de colonização intradomiciliar foi de 39,5% (49/124) e peridomiciliar 59% (271/459). Utilizando iniciadores universais (regiões conservadas do loco 12S do rRNA) foram identificadas fontes alimentares em 76,3% (213/279) dos triatomíneos amostrados em 2015. Os taxa mais frequentes foram: 58%-roedores (123/213); 30%-ruminantes (64/213) e 6%-felinos (12/213), entre 20 espécies de vertebrados. Das amostras de T. cruzi , 49% (44/89) foram molecularmente caracterizadas: TcII (43%-19/44), TcI (41%-18/44) e TcIII (16%-7/44). Marcadores de microssatélites foram usados para caracterizar T. brasiliensis referentes às cinco capturas realizadas (649 insetos genotipados). As análises mostraram que não há populações isoladas (intradomicílio, peridomicílio e silvestre) nem diferença populacional entre os períodos estudados. Resultados sugerem a multicausalidade como responsável pela reinfestação das unidades domiciliares, com intercâmbio de insetos entre os ecótopos domiciliares e naturais e entre as diferentes localidades. A ampla distribuição, ecletismo alimentar, adaptabilidade aos diversos ecótopos e infectividade ao T. cruzi enfatizam a importância epidemiológica do T. brasiliensis . Somente com um sistema de vigilância vetorial bem estruturado e com conhecimento técnico será possível garantir a redução do risco real de transmissão da infecção ao ser humano. |