DINÂMICA DA REINFESTAÇÃO POR Triatoma brasiliensis (HEMIPTERA, REDUVIIDAE, TRIATOMINAE) NA CAATINGA CEARENSE, APÓS BORRIFAÇÃO COM INSETICIDA RESIDUAL.
CLAUDIA MENDONÇA BEZERRA 1,2, CARLOTA JOSEFOVICZ BELISÁRIO1,2, RITA DE CÁSSIA MOREIRA DE SOUZA1,2, SILVIA ERMELINDA BARBOSA1,2, GRASIELLE CALDAS D’AVILLA PESSOA1,2, ALINE CRISTINE LUIZ ROSA1,2, CARLA PATRÍCIA BAREZANI1,2, RICARDO ESTEBAN GÜRTLER1,2, ALBERTO NOVAES RAMOS JÚNIOR1,2, LILEIA DIOTAIUTI1,2
1. SES-CE - Secretaria da Saúde do Estado do Ceará, 2. UFC - Universidade Federal do Ceará, 3. IRR - FIOCRUZ/MG - Instituto René Rachou, 4. EGE-IEGEBA - Instituto de Ecologia, Genética y Evolucion, Universidad de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina, 5. UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais
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Tauá (CE) localiza-se no Sertão dos Inhamuns, região de Caatinga reconhecida como de alto risco na transmissão domiciliar de Trypanosoma cruzi pela alta dispersão e infestação por T.brasiliensis e T. pseudomaculata . O objetivo desse trabalho foi caracterizar o padrão espaço temporal e a diversidade genética de populações de T. brasiliensis e de T. cruzi neste município. Foi realizado um estudo transversal baseado em pesquisa triatomínica silvestre e domiciliar no período de 2009 a 2015. T. brasiliensis foi a espécie mais importante, com ampla distribuição nas localidades, e ocupando diferentes ecótopos naturais e artificiais. As “telhas, tijolos e pedras” foram os ecótopos peridomiciliares mais infestados. O intradomicílio foi o ambiente com maior índice de infecção 10,3% (18/175), seguido pelo ambiente silvestre 3,3% (32/979) e peridomicílio 3,1% (51/1.629). O índice de colonização intradomiciliar foi de 39,5% (49/124) e peridomiciliar 59% (271/459). Utilizando iniciadores universais (regiões conservadas do loco 12S do rRNA) foram identificadas fontes alimentares em 76,3% (213/279) dos triatomíneos amostrados em 2015. Os taxa mais frequentes foram: 58%-roedores (123/213); 30%-ruminantes (64/213) e 6%-felinos (12/213), entre 20 espécies de vertebrados. Das amostras de T. cruzi , 49% (44/89) foram molecularmente caracterizadas: TcII (43%-19/44), TcI (41%-18/44) e TcIII (16%-7/44). Marcadores de microssatélites foram usados para caracterizar T. brasiliensis referentes às cinco capturas realizadas (649 insetos genotipados). As análises mostraram que não há populações isoladas (intradomicílio, peridomicílio e silvestre) nem diferença populacional entre os períodos estudados. Resultados sugerem a multicausalidade como responsável pela reinfestação das unidades domiciliares, com intercâmbio de insetos entre os ecótopos domiciliares e naturais e entre as diferentes localidades. A ampla distribuição, ecletismo alimentar, adaptabilidade aos diversos ecótopos e infectividade ao T. cruzi enfatizam a importância epidemiológica do T. brasiliensis . Somente com um sistema de vigilância vetorial bem estruturado e com conhecimento técnico será possível garantir a redução do risco real de transmissão da infecção ao ser humano.



Palavras-chaves:  Doença de Chagas, Triatoma brasiliensis, Trypanosoma cruzi, Microssatelites Marcadores, Semiárido