Indicadores entomológicos relacionados ao risco de transmissão de Trypanosoma cruzi e infestação por Triatoma brasiliensis no semiárido nordestino
CLAUDIA MENDONÇA BEZERRA 1,2, SILVIA ERMELINDA BARBOSA1,2, RITA DE CÁSSIA MOREIRA DE SOUZA1,2, RICARDO ESTEBAN GURTLER1,2, ALBERTO NOVAES RAMOS JR1,2, LILÉIA GONÇALVES DIOTAIUTI1,2
1. SES-CE - Secretaria da Saúde do Estado do Ceará, 2. UFC - Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Universidade Federal do Ceará, 3. IRR - FIOCRUZ/MG - Instituto René Rachou-Fiocruz, 4. EGE - IEGEBA - Instituto de Ecologia, Genética y Evolucion, Universidad de Buenos Aires
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O município de Tauá (CE) está localizado na região do Sertão dos Inhamuns, semiárido nordestino, cujo bioma predominante é a Caatinga. Região reconhecida como de alto risco na transmissão domiciliar de Trypanosoma cruzi , possui localidades rurais com alta dispersão e infestação por Triatoma brasiliensis e T. pseudomaculata . Descrever os indicadores de infestação e infecção em ambientes intradomiciliar, peridomiciliar e silvestre para triatomíneos em localidades rurais no município de Tauá (CE) nos anos de 2009, 2010 e 2015. Estudo transversal baseado em pesquisa triatomínica silvestre e domiciliar em cinco períodos. A pesquisa foi realizada em 252 unidades domiciliares (UD) de 18 localidades rurais. Essas UDs foram pesquisadas em fevereiro/2009, agosto/2009, março/2010, outubro/2010 e agosto/2015. A pesquisa foi realizada de forma manual, conforme preconiza o Manual de Normas Técnicas do Programa de Controle da Doença de Chagas (1980). Durante as capturas realizadas no estudo foram identificados 3.983 triatomíneos, 1.077 T. brasiliensis em ambiente silvestre e 2.906 capturados no ambiente artificial (220 no intradomicílio e 2.686 no peridomicílio). Destes 66,4% (1.928/2.906) foram identificados como T. brasiliensis , 33,4% (971/2.906) como T. pseudomaculata , 0,2% (6/2.906) Panstrongylus lutzi e 0,03% (1/2.906) Rhodnius nasutus . O índice de infecção natural domiciliar para T. cruzi em T. brasiliensis foi de 5,5% (66/1.193) e de 0,5% (3/611) em T. pseudomaculata . O intradomicílio foi o ambiente com o maior índice de infecção 10,3% (18/175), seguido pelo ambiente silvestre 3,3% (32/979) e peridomicílio 3,1% (51/1.629). O índice de colonização intradomiciliar foi de 39,5% (49/124) e peridomiciliar 59% (271/459). T. brasiliensis representou a espécie de triatomíneo mais importante na região de estudo, com ampla distribuição nas localidades analisadas, e ocupando diferentes ecótopos naturais e artificiais. Os abrigos existentes nos anexos peridomiciliares favorecem o estabelecimento e a proliferação de colônias de triatomíneos, variando conforme a sua renovação. A estreita e persistente circulação entre T. cruzi e T. brasiliensis , entre os ambientes silvestre e domiciliar, nos diferentes períodos observados, enfatiza o risco de transmissão da infecção ao ser humano, principalmente no intradomicílio.



Palavras-chaves:  Doença de Chagas, Semiárido, Triatoma brasiliensis, Trypanosoma cruzi