DISTRIBUIÇÃO DOS GENES blaOXA-23-like E blaOXA-24-like EM ISOLADOS CLÍNICOS DE CLONES DE ALTO RISCO DE Acinetobacter baumannii DE INSTITUIÇÕES BRASILEIRAS
MARIANA SARDINHA BUENO 1,2, THAYS ALMEIDA FRANCO DE BARCELLOS1,2, MONIQUE RIBEIRO TIBA-CASAS1,2, ENÉAS DE CARVALHO1,2, CARLOS HENRIQUE CAMARGO1,2
1. IAL - Instituto Adolfo Lutz, 2. FMUSP - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 3. INSTITUTO BUTANTAN - Instituto Butantan
marianasbueno@usp.br

Atualmente a disseminação de A. baumannii resistentes aos carbapenêmicos é relacionada a complexos clonais de circulação mundial, CC1, CC2 e CC3, principalmente carreadores de genes codificadores de oxacilinases, como blaOXA-23 e blaOXA-24. Porém, no Brasil há prevalência dos CC1, CC15 e CC79, denominados clones de alto risco. O objetivo deste trabalho foi avaliar a distribuição dos genes bla OXA-23-like e bla OXA-24-like em isolados clínicos de A. baumannii pertencentes aos CC1, CC15 e CC79. Foram avaliados 136 isolados clínicos fenotipicamente identificados como complexo A. calcoaceticus-A. baumannii (ACB) , de 11 diferentes instituições brasileiras, entre 2016 e 2017. PCR Multiplex foi utilizada para detecção de bla OXA-23-like, bla OXA-51-like, bla OXA-24-like, bla OXA-58-like e bla OXA-143-like. Os clones de alto risco foram identificados pela técnica de trilocus sequence typing modificada (m3LST). O teste estatístico de qui-quadrado (Fischer) foi usado para comparar as frequências dos genes de oxacilinases entre os clones de alto risco. Dos 136 isolados de ACB recebidos, 88 (64,7%) foram identificados como clones de alto risco, distribuídos nos CC1 (n=20; 22,7%), CC15 (n=17; 19,3%) e CC79 (n=51; 57,9%), dos materiais clínicos secreção traqueal (n= 27; 30,7%); sangue (n=21; 28,9%); urina (n=17; 19,3%); líquor (n=6; 6,8%); ponta de cateter (n=3; 3,4%); outros (n=14; 15,9%). Todos os isolados foram carreadores de bla OXA-51-like, identificando como A. baumannii . Os outros genes detectados foram bla OXA-23-like (n=64; 72,7%) e bla OXA-24-like (n=24; 27,3%); bla OXA-58-like e bla OXA-143-like não foram detectados. Quando escalonados por clone de alto risco, 94,6% dos isolados pertencentes aos CC1 e CC15 apresentaram o gene bla OXA-23-like e apenas 5,4%, bla OXA-24-like. Por outro lado, nos isolados do CC79, o gene bla OXA-23-like foi detectado em 56,9% e o gene bla OXA-24-like em 43,1% (p<0,001). Nesta amostragem multicêntrica, houve predomínio (64,7%) de clones de alto-risco associados ao gene bla OXA-23-like (CC1 e CC15) e bla OXA-24-like (CC79). A disseminação de isolados do CC79, prevalentes neste estudo, carreadores de OXA-24, indica uma alteração epidemiológica da resistência antimicrobiana em A. baumannii no Brasil.

Agradecimento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Processo FAPESP 2017/16988-6.

 

 



Palavras-chaves:  Acinetobacter baumannii, oxacilinases, clones de alto risco