APLICAÇÃO DA NANOTECNOLOGIA PARA A POTENCIALIZAÇÃO DA ATIVIDADE TERAPÊUTICA DO BENZNIDAZOL NA DOENÇA DE CHAGAS |
A doença de Chagas é veiculada por vetor, e é potencialmente fatal, sendo causada pelo Trypanosoma cruzi . Estima-se que cerca de 7 milhões de pessoas estejam infectadas no mundo, a maioria na América Latina. Benznidazol (Bz) é a droga de escolha, mas provoca sérios efeitos adversos e é menos efetiva em infecções crônicas. Nanopartículas de carbonato de cálcio têm se mostrado promissoras em inúmeros trabalhos, incluindo estudos com células cancerígenas e patógenos intracelulares. Nesse contexto, esse trabalho teve por objetivo avaliar o potencial terapêutico do Bz veiculado em nanopartículas de carbonato de cálcio. O desenho experimental consistiu na síntese de nanopartículas de carbonato de cálcio conjugadas com Bz e avaliação da sua citotoxicidade e atividade tripanocida in vitro , em células de mamífero infectadas com a cepa Y do T. cruzi. Assim, células RAW foram infectadas e após 48 h, foram lavadas e incubadas por 96 h com diferentes concentrações das nanopartículas carregadas, comparativamente ao Bz livre, sendo a carga parasitária avaliada por qPCR. Análises de microscopia eletrônica de varredura evidenciaram nanopartículas com cerca de 150 nm. O difratograma de raios x apresentou picos característicos do padrão da calcita, com picos extras típicos do Bz. Os ensaios por resazurina com o Bz nanoparticulado e livre, não demonstraram toxicidade para as células de mamíferos nas concentrações avaliadas, as quais apresentaram atividade tripanocida. A forma intracelular do parasito foi 100% sensível a ambos Bz livre e nanoparticulado para as concentrações de Bz de 100 a 12,5 µg/mL. Porém na concentração de 6,25 µg/mL, a nanopartícula mostrou atividade superior ao Bz livre, com indução de 90% de mortalidade. Esta maior ação intracelular do Bz nanoparticulado pode ser atribuída a mecanismos distintos de absorção celular. O Bz livre é transportado para as células via mecanismo de difusão passiva, enquanto as nanopartículas por endocitose. Após a entrada celular, a nanopartícula é dissolvida nas células infectadas devido ao pH ácido dos vacúolos parasitóforos, liberando o Bz preferencialmente nas células parasitadas. Por fim, conclui-se que os dados in vitro são indicativos para avanço dos testes in vivo em camundongos experimentalmente infectados, visto que foram produzidas nanopartículas carreadoras não-citotóxicas, as quais mostraram atividade igual ou superior ao Bz livre nas concentrações avaliadas. |