APLICAÇÃO DA NANOTECNOLOGIA PARA A POTENCIALIZAÇÃO DA ATIVIDADE TERAPÊUTICA DO BENZNIDAZOL NA DOENÇA DE CHAGAS
GILSON FARIA 1,2, FERNANDA DE OLIVEIRA SILVA1,2, ANA CAROLINE ZAMPIROLI ATAIDE1,2, VALDER NOGUEIRA FREIRE1,2, MARIA TEREZINHA BAHIA1,2, SÉRGIO CALDAS1,2
1. FUNED - Fundação Ezequiel Dias, 2. UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto, 3. UFC - Universidade Federal do Ceará
gilsonbio2008@gmail.com

A doença de Chagas é veiculada por vetor, e é potencialmente fatal, sendo causada pelo Trypanosoma cruzi . Estima-se que cerca de 7 milhões de pessoas estejam infectadas no mundo, a maioria na América Latina. Benznidazol (Bz) é a droga de escolha, mas provoca sérios efeitos adversos e é menos efetiva em infecções crônicas. Nanopartículas de carbonato de cálcio têm se mostrado promissoras em inúmeros trabalhos, incluindo estudos com células cancerígenas e patógenos intracelulares. Nesse contexto, esse trabalho teve por objetivo avaliar o potencial terapêutico do Bz veiculado em nanopartículas de carbonato de cálcio. O desenho experimental consistiu na síntese de nanopartículas de carbonato de cálcio conjugadas com Bz e avaliação da sua citotoxicidade e atividade tripanocida in vitro , em células de mamífero infectadas com a cepa Y do T. cruzi. Assim, células RAW foram infectadas e após 48 h, foram lavadas e incubadas por 96 h com diferentes concentrações das nanopartículas carregadas, comparativamente ao Bz livre, sendo a carga parasitária avaliada por qPCR. Análises de microscopia eletrônica de varredura evidenciaram nanopartículas com cerca de 150 nm. O difratograma de raios x apresentou picos característicos do padrão da calcita, com picos extras típicos do Bz. Os ensaios por resazurina com o Bz nanoparticulado e livre, não demonstraram toxicidade para as células de mamíferos nas concentrações avaliadas, as quais apresentaram atividade tripanocida. A forma intracelular do parasito foi 100% sensível a ambos Bz livre e nanoparticulado para as concentrações de Bz de 100 a 12,5 µg/mL. Porém na concentração de 6,25 µg/mL, a nanopartícula mostrou atividade superior ao Bz livre, com indução de 90% de mortalidade. Esta maior ação intracelular do Bz nanoparticulado pode ser atribuída a mecanismos distintos de absorção celular. O Bz livre é transportado para as células via mecanismo de difusão passiva, enquanto as nanopartículas por endocitose. Após a entrada celular, a nanopartícula é dissolvida nas células infectadas devido ao pH ácido dos vacúolos parasitóforos, liberando o Bz preferencialmente nas células parasitadas. Por fim, conclui-se que os dados in vitro são indicativos para avanço dos testes in vivo em camundongos experimentalmente infectados, visto que foram produzidas nanopartículas carreadoras não-citotóxicas, as quais mostraram atividade igual ou superior ao Bz livre nas concentrações avaliadas.



Palavras-chaves:  amastigotas, benznidazol, carbonato de cálcio, nanopartícula, Trypanosoma cruzi